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quinta-feira, 7 de abril de 2016

"Museu subaquático" dos Açores vai ter centros interpretativos em terra em 2017

Mil naufrágios documentados tornam o mar dos Açores num "museu subaquático", com "cápsulas do tempo" já visitáveis através de mergulho, mas que o Governo Regional quer potenciar, criando em 2017 centros interpretativos em terra.
 
“Estamos a encetar um processo de criação de centros interpretativos em terra, para que quem não mergulha possa usufruir na mesma dessas histórias de odisseias trágico-marítimas. Simultaneamente, apostamos em barcos com fundo de vidro”, afirmou à agência Lusa o arqueólogo da Direção Regional da Cultura José Luís Neto.
O roteiro do património cultural subaquático nos Açores é atualmente constituído por 25 parques arqueológicos subaquáticos visitáveis através do mergulho. O primeiro foi criado em 2005 na baía de Angra do Heroísmo, ilha Terceira, local onde se conhece a existência de uma centena de naufrágios.
“Aqui chegavam todos os navios de todas a rotas de todo o mundo antes de chegarem à Europa e, por isso mesmo, nós temos aqui pedaços, fragmentos, cápsulas do tempo de toda essa riqueza”, destacou José Luís Neto, acrescentando que nos Açores há navios naufragados que “fizeram a rota do chá, travaram guerras da independência americana e que representam a industrialização agrícola”.
Presentemente, as visitas aos 25 parques arqueológicos subaquáticos são acompanhadas pelos mergulhadores dos clubes navais ou operadores marítimo-turísticos das diferentes ilhas do arquipélago, que funcionam como guias, existindo também como auxílio pequenos documentários em vídeo sobre o que é possível encontrar dentro de água.
“Nestes 25 sítios nós temos navios com graus de integridade e importância histórica muito diferentes. Temos naufrágios a 60 metros de profundidade, mas também temos um naufrágio, que é o caso do ‘Canárias’, que está a três metros e que, portanto, qualquer pessoa que esteja em Santa Maria, na praia Formosa, pode pura e simplesmente, com um par de óculos, usufruir dele, desde que saiba nadar”, adiantou o arqueólogo.
Recentemente, o diretor regional da Cultura vincou que o roteiro do património cultural subaquático, que já foi objeto de manifestações de interesse por parte das Canárias e da Madeira, pretende potenciar este património na vertente turística, estudo e investigação, assim como salvaguardar a sua preservação futura.
Entre os parques subaquáticos açorianos devidamente regulamentados está o 'Dori', próximo da cidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, o 'Caroline', na ilha do Pico, o 'Slavonia', na ilha das Flores, o 'Canarias', em Santa Maria, entre muitos outros.
Segundo José Luís Neto, “os tesouros” trazidos a bordo dos navios naufragados estão expostos nos museus da região ou na posse de cidadãos.
“Por exemplo, na ilha das Flores, quando as pessoas queriam receber muito bem alguém de fora, utilizavam as loiças precisamente do transatlântico ‘Slavonia’. O mesmo se passou no Pico com o ‘Caroline’ e o mesmo se verificou em Santa Maria com as peças do ‘Canarias’”, sustentou o arqueólogo.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Slavonia, o paquete inglês que naufragou com as Flores à vista

Mais de cem anos após o acidente, o Governo dos Açores criou no local um parque arqueológico subaquático, o quarto no arquipélago. Objectivo é criar uma rede para atrair ainda mais mergulhadores aos tesouros do mar açoriano.













“Em 26 anos, os navios Cunard cruzaram duas mil vezes o Atlântico, e nunca uma viagem foi cancelada, nunca um atraso foi registado, nunca uma única carta, um único homem, um único navio foram perdidos”. Escrevia assim Júlio Verne no final do século XIX, em Vinte Mil Léguas Submarinas, sobre uma das maiores empresas de navegação da época, conhecida pela forte aposta na segurança. Entre centenas de navios que a britânica Cunard possuiu, poucos naufragaram. Um deles ficou no fundo do mar português e deu agora origem a um parque arqueológico subaquático.

Diz-se que renomear navios dá azar e a história do Royal Mail Ship (RMS)Slavonia confirma-o. O navio lançado à água em 1902 foi inicialmente baptizado Yamuna e pertenceu à British Indian Steam Navigation, tendo transportado correio, carga e passageiros entre Inglaterra e Índia. Cinco meses após a viagem inaugural foi vendido à Cunard, que o remodelou e lhe mudou o nome, adoptando o topónimo de uma das regiões de onde partiam mais emigrantes europeus com destino aos EUA, a Eslavónia, na Croácia.

“E foi assim que, juntamente com um seu congénere, o Pannonia, o transatlântico Slavonia passou a transportar, à ida, emigrantes europeus em busca do sonho americano e à volta os passageiros endinheirados de Nova Iorque para Liverpool”, descreve o arqueólogo subaquático Alexandre Monteiro, num documento sobre a história do naufrágio ocorrido ao largo da ilha das Flores, em 1909.

No início do século XX, a Cunard Steamship Company disputava o monopólio das rotas europeias e norte-americanas com a White Star Line. Os paquetes distinguiam-se pelos nomes: todos os da White Star tinham nomes acabados em “ic” — como Britannic e Titanic — e os da Cunard terminavam em “ia”. O naufrágio do Titanic, três anos depois do Slavonia, condenou a proprietária à quase falência e em 1934 a Cunard comprou a rival. Nascia assim a Cunard White Star Line, dona do Queen Mary e dos Queen Elizabeth, que ainda hoje cruzam os oceanos.


Nevoeiro fatal

Numa das viagens do Slavonia, que viria a ser a última, o paquete partiu de Nova Iorque a 3 de Junho, uma quinta-feira, rumo a Trieste, no nordeste de Itália. Segundo Alexandre Monteiro, o cruzeiro levava 178 tripulantes e 597 passageiros, dos quais perto de cem viajavam em primeira classe. Foi destes que partiu a ideia de pedir ao comandante que fizesse um pequeno desvio na rota (estava previsto que passassem a 160 quilómetros a norte da ilha do Corvo), para que pudessem apreciar melhor as paisagens açorianas.

Estavam há seis dias em alto mar, faltavam dez para o destino. O comandante, Arthur Dunning, com três décadas de experiência (tinha pedido a reforma em Nova Iorque, antes de partir), fez-lhes a vontade: decidiu navegar pelo sul da ilha das Flores, passando a cerca de seis milhas náuticas de terra, e só depois seguir a viagem prevista.

Mas quando o navio se aproximou da ilha havia um nevoeiro cerrado e a forte corrente marítima desviou o paquete da rota. Nem o Farol das Lajes das Flores ajudou — apesar de praticamente concluído ainda lhe faltavam máquinas e a lanterna. Às 2h30 da madrugada de 10 de Junho cumpriu-se o desejo dos passageiros de ver terra mas nada pôde travar o acidente — o RMS Slavonia embateu nos rochedos da Baixa Rasa e galgou a costa do Lajedo. Com a água a invadir os porões do barco mas ainda com a popa emersa e as varandas iluminadas, o telegrafista teve tempo para fazer história: foi o primeiro a transmitir, em código Morse, sinais de SOS.

O pedido de socorro foi captado pelo paquete germânico Prinzess Irene e pelo navio Batavia, que se encontravam perto e acorreram ao local, ajudando os tripulantes a desembarcar e, no dia seguinte, a continuar a viagem. O acidente abalou a pacatez da ilha, imersa na escuridão àquelas horas da noite (a luz eléctrica só chegou a Lajes das Flores na década de 1930), mas a população fez o que pôde para ajudar ao resgate. O esforço foi reconhecido pelo Papa Pio X que, em sinal de gratidão, ofereceu um cálice de prata à Igreja Matriz.

Ao amanhecer, a água chegou às caldeiras do Slavonia e às 8h o fogo apagou-se nas fornalhas. O navio, com mais de dez mil toneladas e 160 metros de comprimento, afundou, tornando-se uma das perto de mil embarcações que naufragaram ao largo dos Açores, desde o século XVI, assinaladas na Carta Arqueológica. “O comandante Dunning abalado pelo naufrágio e pelas circunstâncias caricatas em que este tinha ocorrido, tentou suicidar-se várias vezes, no que foi impedido pelo telegrafista”, conta Alexandre Monteiro.


Memórias espalhadas

Os destroços do Slavonia repousam agora a 15 metros de profundidade. “Pouco resta de reconhecível”, descreve o arqueólogo, que já em 1999 tinha proposto a criação de reservas, naquele e noutros locais onde se registaram naufrágios, para regular o acesso e promover o turismo subaquático. Só em Julho deste ano é que o Governo Regional anunciou a criação do Parque Arqueológico Subaquático do Slavonia, oficializada com a publicação do decreto em Diário da República, nesta terça-feira.

No parque vai continuar a ser permitida a prática de mergulho amador e será proibida a pesca, a ancoragem de embarcações ou bóias, e a realização de trabalhos de investigação científica sem autorização da tutela. Além disso, a recolha de materiais apenas é possível no âmbito de trabalhos arqueológicos devidamente licenciados.

Mas o que há ainda para ver do paquete inglês? Estão lá ainda as seis caldeiras do vapor, restos dos cabeços de amarração e dos guindastes, uma âncora e pouco mais. Os objectos mais valiosos — uma mala de correio, loiças, talheres de prata, quadros ou mobílias, e até bolachas, latas de café, conservas e cobertores de lã — foram recolhidos pela população. “Muitas coisas estão ainda nas casas das pessoas e no Museu das Flores”, conta o presidente da Câmara de Lajes das Flores, Luís Maciel, explicando que por isso mesmo existe na ilha “uma certa mística” associada a este naufrágio.

A Cunard ainda tentou salvar o navio do afundamento, enviando um rebocador e mergulhadores. “Foram recuperadas mesas, cadeiras, velames, cordas e lingotes de cobre, no valor de 1800 contos [9000 euros] e óleo no valor de 24 contos [120 euros]”, lê-se no documento assinado por Alexandre Monteiro. “A carga de café, o restante cobre e três automóveis que vinham no porão foram engolidos pelo mar das Flores. Os prejuízos cifraram-se, na época, em cerca de 15 mil contos [75 mil euros].”

Com a criação do parque do Slavonia e com mais um que aguarda aprovação — para a zona onde está afundado o vapor espanhol Canarias, ao largo de Santa Maria —, o arquipélago fica com cinco parques arqueológicos subaquáticos. No ano passado foi criado um parque no local onde se afundou, em 1901, o navio francês Caroline, junto à ilha do Pico. Este juntou-se aos parques da Baía de Angra do Heroísmo (ilha Terceira), no local onde em 1878 naufragou o Lidador, e do Dori, em São Miguel.

Segundo o director regional da Cultura, Nuno Lopes, o Governo dos Açores “está a trabalhar para estabelecer um roteiro ou uma rota que é composta por cinco parques arqueológicos e diferentes [espaços de] naufrágios que são acessíveis” aos mergulhadores, promovendo assim este turismo.


sexta-feira, 10 de julho de 2015

Concurso para primeira fase da Escola do Mar dos Açores lançado este mês

O Governo açoriano anunciou hoje a aprovação, ainda este mês, do concurso para a primeira fase de requalificação da antiga Estação Rádio Naval da Horta, no Faial, para instalação da Escola do Mar dos Açores.

 O anúncio foi feito pelo presidente do executivo, Vasco Cordeiro, durante a apresentação do projeto da escola, um investimento superior a 4,5 milhões de euros e que, a nível de infraestruturas, se vai traduzir na requalificação da antiga Estação Rádio Naval que a Marinha tinha no Faial e que encerrou em janeiro de 2013.
No total, será feita uma intervenção em perto de 41 mil metros quadrados e diversos edifícios, para adequar a antiga estrutura militar à escola, que incluirá, entre outras valências, residências para 90 estudantes e dez professores.
"O objetivo central passa, entre outros, por dotar os Açores de um centro certificado de formação e qualificação profissional de excelência, suprindo as nossas necessidades atuais em termos de recursos humanos qualificados e certificados nesta área, assim como promover a formação inicial de jovens em profissões ligadas a este setor", explicou Vasco Cordeiro.
O "foco principal" da oferta formativa, disse ainda, são as "profissões relacionadas com as pescas e transportes marítimos", "mestrança e marinhagem", reparação e construção naval, atividades marítimo-turísticas e mergulho profissional. A escola poderá também formar profissionais nas áreas dos portos e infraestruturas portuárias, "observação de pesca e do ecossistema".
Segundo Vasco Cordeiro, "a escolha das áreas de especialização da Escola do Mar baseou-se na identificação de necessidades existentes em termos de mão-de-obra, mas também nas oportunidades que o mar dos Açores oferece para desenvolver este tipo de profissões em áreas emergentes".
"Deverá ter também em atenção a adequação da sua oferta formativa às necessidades dos mercados em áreas diferenciadoras, nomeadamente a nível nacional e internacional", acrescentou, dizendo que há, ainda, o objetivo de atrair "formandos externos".
A Escola do Mar dos Açores será um estabelecimento de ensino profissional a funcionar em regime de paralelismo pedagógico integrado no sistema educativo regional, nos termos do estatuto do ensino particular cooperativo e solidário, e é um projeto que resulta de uma parceria que envolve também a Câmara Municipal da Horta, a Universidade dos Açores (através do seu Departamento de Oceanografia e Pescas, igualmente instalado no Faial) e a Escola Náutica Infante D. Henrique.
Na cerimónia de hoje, não foi revelado um prazo para o início do funcionamento da escola.
Vasco Cordeiro destacou que este é um investimento que se insere na estratégia de valorização "da relação" da região com o mar e do "aproveitamento das potencialidades" que o mar oferece, acrescentando que o Faial "assume, por direito próprio" e por "direito histórico", uma "posição de vanguarda" nas questões do mar.
A Estação Rádio Naval da Horta funcionou durante 84 anos e quando foi desativada, em 2013, ficaram devolutos seis blocos de apartamentos com três pisos cada e vários edifícios de comunicações.
De acordo com um protocolo assinado em 2009 entre o Governo dos Açores e a Marinha, os imóveis serão cedidos pelo prazo de 30 anos à região, em troca dos terrenos que foram cedidos ao Estado na ilha de São Miguel, para instalar um novo centro de comunicações.
Nos edifícios da Horta mantém-se equipamento diverso que foi usado pela Marinha durante décadas. A Escola do Mar contará com um núcleo museológico onde essas peças ficarão expostas.


terça-feira, 26 de maio de 2015

Associação quer levar avante projeto de barco-escola dos Açores

A Associação para a Defesa do Património Marítimo dos Açores quer voltar a por a navegar o “Maria Eugénia”, uma das últimas memórias vivas da construção naval açoriana, e transformá-lo num barco-escola.

“A nossa ideia era e é pôr o barco a navegar à vela e transformá-lo num barco escola para treino no mar das nossas crianças, da nossa juventude, no sentido de ensinar a atividade marítima”, afirmou o presidente da associação, Carlos Bulhão Pato, em declarações à Lusa, acrescentando que a embarcação está parada desde 1990. A associação, segundo disse, “fundou-se basicamente em torno da aquisição do Maria Eugénia” e o propósito de preservar esta “memória da história da cabotagem à vela” entre as ilhas e adaptá-lo a barco-escola. Carlos Bulhão Pato disse que o “Maria Eugénia” será muito provavelmente o único sobrevivente entre todas as embarcações de cabotagem à vela, já que o “Senhora da Guia” está nas Flores “a apodrecer”. Construído nos Estaleiros de Santo Amaro, na ilha do Pico, nos anos de 1920, para um armador graciosence, o “Maria Eugénia” esteve durante muitos anos ao serviço da cabotagem entre as ilhas, desde a Graciosa para Terceira, São Miguel e Santa Maria. “Posteriormente foi vendido para São Miguel e veio para o grupo oriental, mas continuou a fazer viagens no grupo central. Mas, acabaria depois por ser vendido para a [conserveira] Corretora para apoio à frota do atum e continuou a fazer viagens de carga São Miguel / Santa Maria e grupo central”, acrescentou Carlos Bulhão Pato. O presidente da associação explicou que uma primeira fase já permitiu o restauro do casco, ao abrigo de verbas provenientes do programa comunitário Interreg III, mas devido “ao estado de degradação, o orçamento disponível foi todo gasto naquela recuperação”. Assim, está por concluir a recuperação dos “mastros, velas, motor e equipamentos de segurança”. “Ficámos parados cerca de dois anos”, explicou Carlos Bulhão Pato, indicando que a associação pretende agora candidatar o resto da recuperação do barco a fundos europeus no âmbito do novo Quadro Comunitário. A associação vai também apresentar no próximo dia 15 de maio o projeto do barco-escola à comunidade, em Ponta Delgada, numa sessão no clube naval. Carlos Bulhão Pato frisou que a ideia é dar “fôlego” ao projeto, angariando verbas junto de sócios e simpatizantes por forma a garantir um fundo de maneio necessário para o projeto e candidatá-lo a apoios comunitários, mas tendo “a certeza de que o projeto é aceite a nível regional”. Após a sua recuperação, o “Maria Eugénia” estará capaz de realizar viagens pelos Açores com alunos de escolas e associações ou até “deslocações para fora das ilhas”. Além de recuperar uma peça do património naval construído na região e da navegação de cabotagem entre as ilhas, o projeto da Associação para a Defesa do Património Marítimo dos Açores pretende também criar uma “escola flutuante”. “Será um barco que estará preparado para receber formandos. Quem entrar a bordo além e desemprenhar tarefas da navegação, terá também atividades letivas. Estas ilhas estão cheias de história, fortes e fortalezas. Não faltam temas específicos do mar que poderão ser tratados a bordo. E depois temos a biologia, os cetáceos, as aves marinhas ou a orla costeira”, frisou.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Colóquio Internacional «Mar dos Açores, Mar de Portugal, Mar da Europa aprofundar o passado para projetar o futuro»


Do antes de Portugal ao Portugal do futuro, o mar influiu e influirá na definição da sua fronteira e da sua identidade, das suas fronteiras e das suas identidades. Os Açores, por força do mar, foram sustentáculo da expansão de Portugal no Mundo e é o mar dos Açores que dá profundidade oceânica à União Europeia.

A Convenção das Nações Unidas de 1982 proclama que "todos os assuntos do mar estão interligados e devem ser tratados como um todo". A este desafio, responde o Colóquio Internacional "Mar dos Açores, Mar de Portugal, Mar da Europa: aprofundar o passado para projetar o futuro", através do cruzamento dos saberes da História com os demais contributos das ciências sociais, humanas, naturais e tecnológicas.
Com a organização do Centro de História d’Aquém e d’Além-Mar (CHAM), das Universidades Nova de Lisboa e Açores em parceria com Universidade de Pablo de Olavide (UPO), e com o apoio dos municípios da Ribeira Grande (CMRG) e Lagoa (CML), S. Miguel, Açores, o evento, que terá entrada livre, realizar-se-á nos dias 27, 28 e 29 de novembro de 2014, respetivamente no Museu Vivo do Franciscanismo, na Universidade dos Açores, Campus de Ponta Delgada, e Cine Teatro Lagoense Francisco D’Amaral Almeida.

O horário e programa do colóquio serão disponibilizados oportunamente nos sítios da Internet da UAc; UPO; CHAM; CMRG e CML.

Programa: http://www.cham.fcsh.unl.pt/ac_actividade.aspx?ActId=191

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Prémios LIDE Mar distinguem Açores como representa​ntes da excelência e do mérito no mar

PONTA DELGADA – O Comité LIDE Economia do Mar distinguiu o mérito e a excelência do trabalho desenvolvido nos Açores com a atribuição dos prémios ‘LIDE Preservar Mar 2014: Áreas Marinhas Protegidas nos Açores’ e ‘LIDE Conhecimento Mar 2014: Campus da Horta da Universidade dos Açores’, que vão ser entregues a 31 de maio numa cerimónia com o alto patrocínio do Presidente da República, no Pátio da Alfândega do Porto.
Este comité é um grupo especializado do LIDE Portugal – Grupo de Lideres Empresariais, que tem como principal objetivo perspetivar a economia do mar como um todo e promover, paralelamente aos seus usos tradicionais,novos usos para gerar, de forma sustentável, uma forte base produtiva, geradora de emprego e de bem-estar diferenciadora no contexto internacional.
Para o Presidente do Comité LIDE Economia do Mar, Miguel Marques, “os vencedores dos Prémios LIDE Mar 2014 são dignos representantes da excelência e do mérito no mar”.
O ‘Prémio LIDE Preservar Mar 2014: Áreas Marinhas Protegidas nos Açores’ é atribuído ao trabalho desenvolvido pela Secretaria Regional dos Recursos Naturais, através da gestão do Parque Marinho dos Açores e dos Parques Naturais de Ilha, em prol da preservação dos ecossistemas e recursos marinhos do arquipélago.
Esta rede inclui um total de nove reservas naturais, seis áreas protegidas para a gestão de habitats e espécies e 30 áreas protegidas para a gestão de recursos.
O Comité LIDE Economia do Mar reconhece que os Açores, através das suas Áreas Marinhas Protegidas, “têm sido pioneiros na forma de preservar os recursos do mar, o que implica uma maior responsabilidade e visibilidade nacional e internacional”.
De acordo com o Comité, um dos exemplos “de reconhecimento internacional de preservação ambiental é o facto de três das ilhas estarem integradas na rede mundial de Reserva da Biosfera da UNESCO”.
“A atitude de procura de consensos, que se pretende permanente, tem levado a cooperações pontuais entre decisores públicos, cientistas e empresas que operam no mar, com vista a serem tomadas as melhores decisões em termos de sustentabilidade ambiental, económica e social”, acrescenta o comité.
Relativamente ao Campus da Horta da Universidade dos Açores, que inclui o Departamento de Oceanografia e Pescas e o Centro do Instituto do Mar na Universidade dos Açores, o Comité LIDE Economia do Mar destaca que cerca de 90 cientistas se dedicam ao estudo do oceano profundo, das pescas, das áreas marinhas protegidas, da conservação e valorização da biodiversidade marinha e da ecologia espacial de grandes migradores oceânicos.
As atividades de investigação sobre fontes hidrotermais, montes submarinos e a ecologia de populações de cetáceos e outros grandes migradores, conduzidas neste Campus da Universidade dos Açores, tornam-na na avaliação deste Comité “a entidade líder em Portugal no contexto da ecologia do mar profundo e espaços oceânicos, e um dos principais players científicos a nível internacional”.

http://local.pt/portugal/acores/premios-lide-mar-distinguem-acores-como-representa%E2%80%8Bntes-da-excelencia-e-do-merito-no-mar/

quarta-feira, 19 de março de 2014

Luis Neto Viveiros destaca importância do papel das associações na valorização do pescado dos Açores

O Secretário Regional dos Recursos Naturais destacou hoje a importância do papel das associações para a implementação da estratégia de valorização do pescado e dos rendimentos dos pescadores e armadores que está ser desenvolvida pelo Governo dos Açores, apontando o exemplo da parceria com a Federação de Pescas para a criação de uma fábrica de filetagem e congelação nas instalações da Espada Pesca, em São Miguel.
“As associações são um parceiro importante em todo este circuito porque estão implantadas em todas as nossas ilhas”, nomeadamente naquelas em que não há “agentes suficientes” e a Espada Pescas atua, permitindo aos pescadores o escoamento do seu pescado, frisou Luís Neto Viveiros, em declarações no final de uma visita aos pavilhões em que está instalada esta empresa pública e onde vai funcionar uma nova unidade de transformação.
O Secretário Regional adiantou que as obras de adaptação, num investimento público de cerca de 150 mil euros, devem estar concluídas até ao início do verão, dotando o espaço com alguns equipamentos de frio e uma zona para a filetagem e embalamento de peixe destinado, primeiramente, ao mercado local.
“Trata-se de conseguir vender o peixe que é apanhado nas épocas em que existe maior abundância e, consequentemente, o preço é mais baixo, e, através deste processo, conseguir conservá-lo, embalá-lo e poder vendê-lo noutras alturas em que o preço é mais compensador para toda a fileira da pesca”, frisou Luís Neto Viveiros.
Com este projeto pretende-se dinamizar este mercado, contribuir para uma maior rentabilidade e regularidade de rendimento dos pescadores e armadores ao longo de todo o ano, mas também fomentar uma pescaria mais sustentável no mar dos Açores através da valorização de espécies de menor valor comercial, como o peixe-espada ou veja.

http://local.pt/portugal/acores/luis-neto-viveiros-destaca-importanci%E2%80%8Ba-do-papel-das-associacoe%E2%80%8Bs-na-valorizaca%E2%80%8Bo-do-pescado-dos-acores/ 

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Escola do mar dos Açores “Iniciativa Âncora” para o desenvolvimento das profissões do Mar

HORTA – O Secretário Regional dos Recursos Naturais destacou hoje, na Horta, a importância da implementação da Escola do Mar dos Açores, na ilha do Faial, que considerou ser “uma iniciativa âncora para o desenvolvimento das profissões do mar”, como fator de integração e criação de emprego.
“Pretende-se que este centro de formação seja de excelência e contribua para suprimir a demanda de marítimos certificados no mercado regional, mas que também funcione como um polo de atração de públicos externos com interesse nas profissões do mar tradicionais e emergentes”, afirmou Luís Neto Viveiros, numa intervenção na Assembleia Legislativa durante o debate das propostas de Plano e Orçamento para 2014.
O Secretário Regional reafirmou a prioridade estabelecida pelo Governo dos Açores de “consolidar as atividades marítimas e marinhas que hoje são centrais na nossa vida, e incentivar, por outro lado, os grandes vetores que potenciarão, de facto, o desenvolvimento socioeconómico futuro assente na chamada economia azul”.
Por outro lado, dando cumprimento ao Programa do Governo e das Orientações de Médio Prazo 2013-2016, Luís Neto Viveiros sublinhou o reforço “das estratégias fundamentais à capacitação das atividades produtivas na Agricultura e nas Pescas”.
“No próximo período de programação, pretende o Governo dos Açores estimular, ainda mais, a entrada de jovens na agricultura, promovendo um setor rejuvenescido, liderado por gente dinâmica, empreendedora, capaz de conjugar de modo rentável a imagem açoriana, a nossa qualidade e a segurança dos nossos produtos”, afirmou.
Luís Neto Viveiros assegurou que o Executivo açoriano vai “manter a pressão junto da Comissão Europeia” no sentido da salvaguardar a produção de leite no arquipélago, face “ao cenário de desmantelamento de quotas”, recordando que “o setor agropecuário, nas atividades primárias, representa cerca de nove por cento do PIB da Região, um indicador relevante, quando comparado com os dois por cento a nível nacional”.
Por outro lado, frisou que este setor representa “um empregador marcante na Região, isto é, 13,8 por cento, de acordo com os dados do SREA relativos ao segundo trimestre de 2013, bastante acima dos 10,5 por cento do país e dos cinco por cento verificados na União Europeia”.
Ao nível da diversificação agrícola, o Secretário Regional afirmou que importa no próximo Quadro Comunitário de Apoio “continuar a aposta na revitalização das culturas tradicionais, bem como nas produções em que a Região é deficitária, reduzindo assim a nossa dependência do exterior e potenciando o mercado interno”.
Numa referência ao Laboratório Regional de Veterinária, na ilha Terceira, Neto Viveiros disse que a sua conclusão em 2014 reveste-se de “interesse estratégico para os Açores”, enquanto a entrada em funcionamento do Parque de Exposições de São Miguel contribuirá para a “promoção” dos produtos açorianos e, consequentemente, para “o aumento da competitividade do setor agrícola regional”.
“A pesca é outro dos setores determinantes na economia açoriana, com particulares implicações na produção de riqueza, na inclusão social e na preservação dos valores culturais”, salientou Luís Neto Viveiros, acrescentando que “representa um contributo significativo para as nossas exportações” e garante “a coesão territorial de dezenas de pequenas comunidades, distribuídas pelas nove ilhas”.
“Fomentaremos novas formas de comercialização do pescado de menor valor comercial, contribuindo assim para a melhoria do abastecimento interno e, em consequência, substituindo as importações de produtos de menor qualidade no circuito da comercialização em congelado”, afirmou.
Luís Neto Viveiros reafirmou que o desafio “será pescar com mais qualidade e em menor quantidade”.
No âmbito do investimento público previsto para 2014, o Secretário Regional dos Recursos Naturais destacou, pelo seu volume financeiro, a conclusão das empreitadas dos portos de pesca de Rabo de Peixe e da Povoação, assim como o início da construção do Entreposto Frigorífico de Ponta Delgada, em fase de adjudicação.
“Com mais este investimento estratégico para os Açores, ficará a Região dotada de maior capacidade de conservação e de congelação dos produtos da pesca, conforme definimos na nossa estratégia de incremento do preço e da melhoria da qualidade em que estamos fortemente empenhados”, frisou Luís Neto Viveiros.
A proposta de Plano para 2014 do Governo dos Açores dota ainda importantes meios financeiros à investigação científica dos recursos pesqueiros e do mar do Açores, através da celebração de protocolos de cooperação com o Centro IMAR da Universidade dos Açores.
Nos domínios do Ambiente e da Gestão do Território, o Secretário Regional anunciou a conclusão, até 2015, da rede de Centros de Interpretação Ambiental e a abertura, já no próximo ano, dos centros de interpretação da Pedreira do Campo, em Santa Maria, e da Serra de Santa Bárbara, na Terceira.
“Concluiremos as obras do centro de interpretação da Cultura do Ananás, em São Miguel, e daremos início aos procedimentos conducentes à execução das empreitadas da Casa dos Fósseis, em Santa Maria, e da Casa dos Vulcões, no Pico”, revelou.
Também em 2014, ao nível das linhas de água, e para além da conclusão das empreitadas na Ribeira do Testo e na Grota do Tapete, em Porto Judeu, na Ribeira do Cabo da Vila, na Lagoa, e na Ribeira do Vilão, no concelho da Ribeira Grande, vão ser lançados procedimentos por toda a Região, com destaque para as intervenções na Fajãzinha, nas Flores, na Ribeira Quente e Pilar da Bretanha, em São Miguel, e na Prainha do Norte, no Pico.
Por outro lado, com a finalização das obras dos Centros de Processamento de Resíduos do Faial e de Santa Maria, o Governo dos Açores vai concluir em 2014 a rede de Centros de Processamento na Região, iniciando o lançamento das empreitadas de selagem e requalificação das lixeiras e aterros, a começar pelas ilhas das Flores, Corvo e Graciosa.
“Estamos certos que o fortalecimento das políticas públicas de Ambiente constituiu um fator essencial para a indução de importantes mudanças estruturais e que o Plano de Investimentos para 2014 representa em contributo efetivo para uma adequada relação do Homem com a Natureza”, afirmou o Secretário Regional dos Recursos Naturais.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Museu de Angra do Heroísmo promove um mergulho orientado aos destroços do vapor Lidador

A Direcção Regional da Cultura, através do Museu de Angra do Heroísmo, promove a 26 de Agosto a realização de um mergulho orientado aos destroços do vapor Lidador, na baía de Angra, na sequência da parceria existente entre o Museu, o Centro de História de Além-Mar e o Observatório do Mar dos Açores. O Lidador era um vapor brasileiro construído em ferro, que naufragou a sete de Fevereiro de 1878, quando se preparava para rumar ao Brasil com emigrantes açorianos. O mergulho orientado aos destroços, que decorre no âmbito do programa de dinamização da exposição Histórias que Vêm do Mar, patente no Museu de Angra do Heroísmo até 29 de Setembro, obriga a inscrição prévia, através do endereço electrónico ana.ls.almeida@azores.gov.pt ou do telefone 295 240 800, até às 16h00 de sexta-feira. A participação é gratuita, mas está limitada a dez elementos, com idade igual ou superior a 14 anos, devendo os menores fazer-se acompanhar por uma autorização dos pais ou encarregados de educação. A concentração dos participantes deverá ocorrer no Museu pelas 10h00, seguindo-se uma visita à exposição Histórias que Vêm do Mar, que apresenta objectos emblemáticos recolhidos nos mares dos Açores e, em especial, nas baías da Horta e de Angra do Heroísmo, dois dos principais portos açorianos desde o século XVI.

sábado, 17 de agosto de 2013

Descoberto recife de coral de grandes dimensões no Faial

Um grupo de investigadores descobriu a sul da ilha do Faial um recife de coral de cerca de 1000 metros quadrados, quando estavam a bordo do submarino Lula 1000, construído e operado pela Fundação Rebikoff-Niggeler.
“Os tripulantes do submarino Lula 1000, Joachim Jakobsen, Kirsten Jakobsen e a jovem Ana Jakobsen, de apenas 13 anos, foram surpreendidos no mergulho do passado dia 05 com uma vasta extensão de corais amarelos no topo de uma colina submarina que se encontravam a explorar à saída do canal Faial-Pico”, referiu à Lusa a relações-públicas da fundação, Aurora Ribeiro.
Aurora Ribeiro explicou que, além da beleza, era “impressionante” a vastidão da área ocupada por estes organismos, que se estendia “muito além da zona” que os holofotes do submarino iluminavam. O mergulho, acrescentou, foi “amplamente documentado” através de fotografia e vídeo de alta definição.
A relações-públicas da Fundação Rebikoff-Niggeler referiu que um recife de coral se caracteriza por ser uma estrutura formada por corais vivos duros que crescem sobre esqueletos de outros corais mais antigos, criando uma estrutura tridimensional complexa e diversos microhabitats para a vida marinha.
Segundo a responsável, “até à data nunca tinham sido documentados” recifes de coral a tão baixa profundidade no mar dos Açores e “muito menos se conhecia” a existência deste, em particular, a uma curta distância do Faial.
Aurora Ribeiro referiu que os investigadores Filipe Porteiro, Marina Carreiro Silva e Fernando Tempera, da Universidade dos Açores, tiveram acesso às imagens captadas e confirmaram “tratar-se efetivamente” de um recife formado pelo coral Dendrophyllia e situado a profundidades entre os 280 e os 300 metros.
Para Aurora Ribeiro, a descoberta desta estrutura natural “evidencia o pouco que ainda se conhece” sobre o mar profundo que rodeia as ilhas dos Açores e o “papel fundamental e pioneiro” que a Fundação Rebikoff-Niggeler e o submarino Lula 1000 desempenham para o aumento desse conhecimento.
A Fundação Rebikoff-Niggeler está sediada na Horta e tem como principal objetivo proceder à documentação do mar profundo, tendo construído dois submarinos, o mais recente dos quais, o Lula 1000, constitui um dos dez submersíveis científicos do mundo que descme à profundidade de 1.000 metros.
O submarino está disponível para trabalhos de investigação e documentação desenvolvidos por instituições nacionais e internacionais no mar dos Açores.

http://www.acorianooriental.pt/noticia/descoberto-recife-de-coral-de-grandes-dimensoes-no-faialhttp://www.acorianooriental.pt/noticia/descoberto-recife-de-coral-de-grandes-dimensoes-no-faial

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Bactérias do mar dos Açores podem vir a combater cancro


Cientistas portugueses e dos EUA recolheram bactérias marinhas ao largo de São Miguel e Santa Maria, duas ilhas dos Açores, que acreditam que podem vir a ser utilizadas no combate de várias patologias, incluindo diversos cancros.

Ana Lobo, do Departamento de Química da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, anunciou a descoberta este domingo, acrescentando que as recolhas foram feitas a mais de mil metros de profundidade.

«Trata-se das prodigiosinas que nós isolamos das bactérias recolhidas no mar dos Açores e que são antibióticos, anticancerígenos, antimaláricos, imunossupressores. Portanto, têm uma grande gama de atividade farmacológica e estão a ser já desenvolvidos, alguns deles, em versão farmacêutica», explicou a cientista.

O projeto é apoiado pela Fundação da Ciência e Tecnologia (FCT), e envolve o Centro Biotecnológico de San Diego, na Califórnia, EUA. A investigação está a entrar nos ensaios clínicos a nível mundial.


http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=416491

quarta-feira, 17 de julho de 2013

"Perigo" à espreita no mar dos Açores

Localização das praias dos Açores favorece concentração de águas-vivas e caravelas, diz biólogo

O biólogo da Universidade dos Açores João Pedro Barreiros diz que a localização da maioria das praias açorianas na costa sul das ilhas favorece a concentração de águas-vivas e caravelas-portuguesas em zonas balneares do arquipélago.

«A maior parte das zonas balneares dos Açores ficam na costa sul das ilhas, os últimos ventos fortes foram do quadrante sul e muitas águas-vivas e caravelas-portuguesas foram levadas para perto da costa nas zonas sul das ilhas e portanto ficaram em baías onde estão as zonas balneares. Como não tem havido temporais, como não tem havido ondulação que as remova, acabam por ficar e as pessoas contactam com elas», explica o biólogo.

No entanto, João Pedro Barreiros faz questão de explicar que «este "boom"» de águas-vivas (alforrecas) e caravelas-portuguesas (colónias de animais com longos tentáculos que libertam toxinas e são muitas vezes confundidas com alforrecas) ocorre todos os anos e está associado ao aumento do fotoperíodo, o aumento de horas de luz a partir de março.

«Isso faz com que aumente a fotossíntese no mar e isso acontece ao nível de pequenos organismos fotossintéticos que geram milhões de toneladas de biomassa que, por sua vez, vão criar condições favoráveis para o aparecimento de zooplâncton, ou seja, de micro animais e larvas de animal. Isso despoleta o aparecimento de predadores e as águas-vivas e caravelas são predadores de plâncton e aparecem em grande quantidade porque há muita comida disponível», sublinhou.

O biólogo e autor do livro «Animais marinhos dos Açores, perigosos e venenosos» explica que as caravelas-portuguesas são mais perigosas do que as águas-vivas e por isso é importante saber distingui-las.

«As caravelas têm um flutuador, um género de um balão colorido, uma parte da estrutura da colónia que fica fora de água e que não tem células urticantes, ou seja, não pica, o que picam são os tentáculos, que podem ser muito longos e causar problemas sérios. As águas-vivas não estão à superfície», disse.

O alergologista Rodrigo Alves adianta que nos Açores «o mais usual é ocorrerem queimaduras provenientes do contacto das águas-vivas com a pele» e quase sempre a situação fica resolvida no areal através dos primeiros socorros prestados pelos nadadores salvadores.

«O nosso vulgar vinagre deve ser derramado em cima do local afetado para inativar os restos da água-viva em contacto com a pele. Pode colocar-se também água salgada do mar em bastante quantidade e, à posteriori, para controlar a dor, aplicação de gelo no local ou de cremes indicados para o efeito», explicou o especialista.

Já a água doce é desaconselhável «e pode até ser prejudicial porque pode fazer com que se liberte mais veneno se ainda estiverem em contacto com a pele alguns dos espinhos ou saquinhos que ainda contêm o tal veneno da anémona», esclarece.

Segundo o alergologista, os casos mais graves são normalmente provocados pela caravela-portuguesa e quando a pessoa «é alérgica às substâncias que compõem o veneno», podendo a reação alérgica colocar em risco a vida das pessoas.

No caso de uma pessoa alérgica ao veneno, «requer não só cuidados imediatos no local como o transporte o mais rapidamente possível para o serviço de urgência».

sábado, 13 de julho de 2013

Revista Nau XXI


Chama-se Nau XXI, foi criada nos Açores e é apresentada como uma revista nacional inteiramente dedicada aos assuntos do mar, na sua vertente económica, política, lúdica e até desportiva.
 
"Não se trata de uma revista científica", esclareceu Ricardo Serrão Santos, pró-reitor da Universidade dos Açores e diretor desta nova publicação mensal, durante uma conferência de imprensa realizada hoje na cidade da Horta, ilha do Faial.
Segundo explicou, esta revista é um projeto comercial, destina-se ao "grande público" e pretende mostrar a Portugal que "o mar é o caminho" para o futuro, procurando "mobilizar a sociedade no otimismo".
Com 146 páginas e um grafismo apelativo, esta nova publicação mensal assume-se como uma "revista alegre e bem-disposta", que pretende publicar entrevistas, reportagens, ensaios e crónicas, com recurso ao "jornalismo independente e atual", sobre todos os temas ligados ao mar.
"Num momento em que o mar é apresentado como um desígnio nacional, a Nau XXI quer ajudar a entender como é que esse discurso tem aplicação prática", sublinha a editora Sigma, responsável por esta publicação.
A primeira edição, já disponível nas bancas, pelo preço unitário de 5 euros, dá destaque aos recursos existentes no vasto território marítimo do país, quase quatro milhões de quilómetros quadrados, e tenta saber como é que Portugal os pode utilizar.
"Havia um vazio nesta área a nível nacional", justificou Ricardo Serrão Santos, admitindo, no entanto, que esta publicação surge num período conturbado da económica nacional, mas que espera, ainda assim, que venha a ter sucesso.
A Nau XXI tem como diretora de redação a jornalista Isabel Lucas, que já esteve ligada à RTP, Visão, Expresso, Público e Diário de Notícias, e conta com a ajuda de mais de duas dezenas de colaboradores, colunistas e fotógrafos.

sábado, 4 de maio de 2013

Apontadas "omissões" na Estratégia Nacional para o Mar em relação aos Açores em sessão pública


A Estratégia Nacional para o Mar, um documento que define as linhas de preservação e utilização sustentável dos recursos marinhos até 2020 em Portugal, apresenta muitas omissões em relação aos Açores, foi defendido.

A denúncia foi feita na noite de quinta-feira, nas Lajes do Pico, durante a primeira de um conjunto de sessões públicas para debate em torno do documento, que o Governo dos Açores está a realizar em todas as ilhas do arquipélago.
Ricardo Serrão Santos, pró-reitor da Universidade dos Açores, disse, na ocasião, que o documento principal "é excelente", mas que a informação que está em anexo, apresenta várias falhas que é necessário corrigir.
"O diabo está nos detalhes!", ironizou o investigador, referindo-se à ausência de referências no documento aos portos e transportes nas ilhas, a aspetos relacionados com a pesca e a monitorização dos recursos, e até a arqueologia subaquática.
A Estratégia Nacional para o Mar, que está em fase de discussão pública, devia incluir também, no entender de Manuel Costa, diretor do Museu dos Baleeiros, referências históricas, culturais e religiosas, ligadas, por exemplo, à caça à baleia ou à pesca.
No seu entender, "o mar é um elemento essencial" da vida dos açorianos, que têm sobre ele uma "perspetiva antropológica e cultural", povoada de "histórias, lendas, medos, conquistas, fracassos e tragédias".
Confrontado com estas omissões, o secretário regional dos Recursos Naturais, Neto Viveiros, disse que o Governo "já tinha feito uma análise prévia" do documento e que "tem noção" daquilo que é necessário alterar para enriquecê-lo.
O governante lembrou, no entanto, que este período de discussão pública sobre a Estratégia Nacional para o Mar, serve exatamente para acrescentar contributos ao projeto inicial, e apelou para que os açorianos participem neste processo.
Mesmo com omissões, a Estratégia Nacional para o Mar pretende definir um modelo de desenvolvimento assente na preservação e utilização sustentável dos ecossistemas marinhos em todo o país.
No caso das pescas, a solução nos Açores poderá passar pelo financiamento comunitário ao abate dos barcos de maior dimensão, como propõe José António Fernandes, da Federação de Pescas dos Açores.
Na sua opinião, só através do abate das grandes embarcações será possível reduzir o esforço de pesca, sobretudo numa altura em que há escassez de recursos piscatórios e em que a classe está mergulhada "numa das maiores crises de que há memória".

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Descoberto navio histórico na ilha do Faial


Um navio do século XIX foi descoberto no fundo do mar junto ao porto da Horta, na ilha do Faial, Açores. Situado a cerca de 7 a 8 metros de profundidade, o achado encontra-se em bom estado de conservação e deverá ser alvo de ações de proteção durante os próximos meses.
Um navio de madeira do século XIX, forrado em cobre, foi descoberto no fundo do mar durante as operações de dragagem no novo cais de passageiros do porto da Horta, nos Açores, revelou um investigador que acompanhou o achado.
José António Bettencourt, arqueólogo do Centro de História Além Mar, da Universidade Nova de Lisboa, disse à Lusa que os vestígios da embarcação, que era desconhecida até agora, foram encontrados, por acaso, em novembro do ano passado, no decorrer da empreitada de dragagem do novo terminal marítimo da cidade da Horta.
"Para já, não temos ainda muita informação", adiantou o investigador, acrescentando que a embarcação que descobriram, situada a apenas 7/8 metros de profundidade, está "muito bem preservada", e as suas características indicam tratar-se de um barco do século XIX.
Segundo adiantou o investigador, nos próximos meses serão realizadas ações de proteção do local onde foi encontrado o achado, através do seu "registo e mapeamento exaustivo", para evitar que a embarcação seja afetada por processos naturais, ou até pelo funcionamento do próprio porto.
Este não é, no entanto, o primeiro achado arqueológico descoberto durante as obras de construção do novo cais de passageiros do porto da Horta.
Durante a fase de construção do molhe acostável para navios e do terminal de passageiros, os mergulhadores contratados pelo empreiteiro da obra descobriram várias presas de marfim, canhões e vestígios de um antigo navio, que provavelmente transportava carga oriunda de África.
Os achados retirados do fundo do mar foram entregues ao Museu da Horta, que irá recuperá-los para os expor ao público, mas os investigadores calculam que o interior da baía da Horta possa esconder vários outros tesouros.
José António Bettencourt lembra que aquilo que os mergulhadores conseguiram estudar foi apenas "uma amostra" do que poderá existir no local.
"Nós concentramo-nos apenas na zona de incidência do projeto, e aquilo que está para fora do porto, tendo em consideração a amostra que nós temos, que é de um potencial e de uma riqueza muito significativa, deverá ser muito maior",afirmou.
A baía da Horta foi um dos principais pontos de ancoradouro para navios de passageiros e mercadorias que atravessavam o Atlântico, sobretudo a partir de finais do século XVIII.
O novo cais de passageiros do porto da Horta, uma obra que custou mais de 35 milhões de euros, foi inaugurado em julho de 2012 pelo ex-presidente do Governo Regional, Carlos César, mas estão ainda a decorrer trabalhos de dragagem no local, no sentido de aumentar a sua profundidade, que irá passar de 6,5 metros para 8,5 metros.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

DRaC Açores não recebeu pedido de parecer sobre o parque arqueológico subaquático da baía de Angra


O secretário regional da Educação, Ciência e Cultura afirmou esta quinta-feira que não foi solicitado, até ao momento, parecer técnico sobre qualquer obra que possa vir a conflituar com o parque arqueológico subaquático da baía de Angra do Heroísmo.
 
Luiz Fagundes Duarte pronunciou-se  sobre a petição “Não à destruição do Parque Arqueológico Subaquático da Baía de Angra do Heroísmo”, apresentada na reunião da comissão pelo primeiro signatário, Paulo Alexandre Monteiro, em audição em comissão parlamentar .
A petição, assinada por mais de 1500 pessoas, pede a nulidade do processo de construção de um cais de cruzeiros junto ao Porto de Pipas, em Angra do Heroísmo, anunciado pelo Governo Regional.
Segundo o secretário da Educação, Ciência e Cultura, como a baía de Angra do Heroísmo faz parte da zona classificada como monumento nacional e Património da Unesco, a direção regional da Cultura (DRac) "terá de emitir um parecer” se o Governo pretender avançar com a construção do cais naquele local.
“Não existe qualquer parecer da DRaC sobre a matéria porque não foi pedido e, no devido tempo, se esse parecer for pedido, será emitido em termos absolutamente técnicos e no respeito da lei”, frisou.

domingo, 21 de outubro de 2012

A baía de Angra é um laboratório de arqueologia e cada mergulho conta

Os arqueólogos trabalharam este Verão nos destroços de um navio que pode ter 400 anos. Será do País Basco? Será que vinha das Caraíbas? Este é o primeiro barco escavado nos Açores em contexto de investigação.


Com o mau tempo, a baía de Angra do Heroísmo pode ser uma armadilha. Os piores ventos vêm de sul e trazem ondas grandes. Ali a maioria dos naufrágios aconteceu com as embarcações já fundeadas. "Aquilo podia ser traiçoeiro - os navios entravam e depois já não conseguiam sair. O que vale é que, perto de terra, quase tudo se salvava", diz o arqueólogo José Bettencourt, que já tem muitas horas de mergulho na Terceira, a ilha açoriana onde trabalha de forma mais sistemática desde 2006.

Bettencourt e a sua equipa, a única de arqueologia náutica activa nos Açores, estiveram em Angra a escavar todo o Verão e pelo segundo ano consecutivo, integrados num projecto da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), dirigido pelo historiador José Damião Rodrigues, investigador do Centro de História de Além-Mar e da Universidade dos Açores. 

O trabalho, que em grande parte é financiado pela FCT (100 mil euros a três anos) e que em 2013 se dedicará sobretudo à escavação exaustiva das partes do navio postas a descoberto na campanha deste ano, envolve uma embarcação que deverá ser de meados do século XVI e tem objectivos ambiciosos. "Queremos reunir o máximo de informação possível sobre a construção naval, as rotas atlânticas, o papel de Angra nestas rotas e sobre a vida a bordo", explica José Bettencourt, que tem um doutoramento em curso centrado no património subaquático da baía. "Depois, com essa informação, gostávamos de fazer uma reconstrução virtual do navio, perceber como funcionava e inseri-lo no seu contexto histórico." Sem esquecer, garante, as propostas de valorização turística deste património que a água esconde.

"Cada vez que mergulhamos na baía de Angra encontramos coisas novas. Se estivesse rigorosamente mapeada, tenho a certeza de que passaríamos rapidamente dos dez naufrágios identificados para os 40 ou 50." A carta arqueológica da Terceira, feita pela Direcção Regional de Cultura dos Açores, que em meados da década de 1990 fez importantes trabalhos na baía de Angra, com o Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática e com o Institute of Nautical Archaeology, está longe de ser exaustiva, o que é, aliás, natural neste tipo de património.

Cada destroço da baía tem uma letra. A equipa de Bettencourt, que neste Verão teve oito elementos, está a escavar no Angra B e, depois de dois anos de campanhas a cinco metros de profundidade, são ainda poucas as certezas. "O que podemos dizer é muito pouco", reconhece, embora os dados recolhidos, ainda que falte o estudo exaustivo dos materiais e mais uns meses debaixo de água, lhe permitam já levantar algumas hipóteses. "É provavelmente uma embarcação espanhola, que fazia as rotas oceânicas... Ainda nos é impossível dizer que tamanho tinha - talvez entre 200 e 300 toneladas - ou de que tipo seria."

Em risco

A escavação, precisa o arqueólogo de 34 anos, foi feita apenas porque os vestígios do Angra B corriam o risco de se degradar sem que os especialistas pudessem estudá-los. "Este navio foi completamente saqueado na altura do naufrágio. A população recuperou tudo, da carga à artilharia." Assim sendo, o que podemos ainda aprender sobre este barco naufragado há 400 anos? "Muita coisa. Este é o primeiro navio a ser escavado em ambiente de investigação nos Açores, e não para minimizar impactos de obras. É um laboratório."

A ser espanhola, a embarcação poderá ter feito parte da frota conhecida como Carreira das Índias (não confundir com a Carreira da Índia, que ligava Lisboa a Goa) e da chamada Rota da Prata, ponte entre Castela e a sua fatia das Américas. "Pode ser de construção basca", diz Bettencourt. "Mas o império castelhano tinha também na Cantábria um dos seus principais estaleiros navais. Naquela zona da península a abundância de ferro e madeira e a proximidade do mar facilitavam a construção de navios." Além disso, acrescenta, as cerâmicas já recuperadas são espanholas e não há nada de materiais africanos ou asiáticos. A possibilidade de fazer parte de uma rota atlântica, e de ter vindo, por exemplo, das Caraíbas, é reforçada pelo facto de, no lastro do navio - pedras que eram colocadas no fundo para o equilibrar - terem sido encontrados pedaços de coral. "Outra coisa que reforça esta teoria é que o navio era todo forrado a chumbo, protecção da madeira que se usava naquela época em embarcações destinadas a águas quentes como as do mar das Caraíbas."

Agora Bettencourt e os outros investigadores vão estudar os materiais e monitorizar os vestígios submersos durante o Inverno. Para o ano voltam às águas da baía com o seu grande aspirador, as caixas de plástico para os materiais e a rotina de mergulhos diários de duas horas para cada arqueólogo. Seis horas no mar por regra, 12 sempre que a meteorologia previr ventos de sul para os dias seguintes. Com ondas grandes.


Fonte: http://www.publico.pt/Local/a-baia-de-angra-e-um-laboratorio-de-arqueologia-e-cada-mergulho-conta-1568124?all=1