terça-feira, 24 de setembro de 2013

Cem naufrágios tornam mar do Funchal com potencial científico e turístico

Cem naufrágios de navios dos séculos XVIII e XIX fazem do mar do Funchal um potencial científico e turístico, considera o investigador do Centro de História de Além-Mar José Bettencourt, que lidera um projeto para avaliar este património.
"Numa análise muito preliminar ainda, os registos que temos são de aproximadamente cem naufrágios no entorno ao porto do Funchal, o que é uma quantidade bastante significativa", disse José Bettencourt.
Segundo o especialista em arqueologia subaquática, "a maior parte desses registos é de navios do século XVIII e XIX", mas há "alguns mais antigos, como um galeão espanhol que naufragou em 1622" e que, "se fossem descobertos, teriam e têm um potencial científico muito relevante".
O responsável esclareceu que a zona do porto e de aproximação a este são "áreas mais perigosas para a navegação, porque são aquelas que têm maior tráfego marítimo", e "é aí que se dá a maior parte das perdas", pelo que estas "são, sempre, em todo o país, as zonas mais ricas do ponto de vista arqueológico".
"A maior parte dos naufrágios localiza-se junto à costa porque a maior parte são resultado de encalhes ou de perdas durante operações portuárias, por isso, a maior parte estará a baixa profundidade", explicou o investigador, reconhecendo, contudo, que as características da Madeira levam o investigador "a esperar que os sítios sejam um pouco mais profundos".
O coordenador do Centro de Estudos de História do Atlântico, Alberto Vieira, admitiu que "terão ocorrido muito mais naufrágios ao longo da história", salientando que, desde o século XV, "há referências a naufrágios", embora os dados sejam "muito esparsos".
"Tivemos historicamente um problema muito importante na Madeira, a principal cidade fixou-se, montou-se, numa baía que oferecia grandes dificuldades em termos das embarcações", referiu o coordenador do centro, sediado no Funchal.
A este propósito, o historiador realçou: "A baía do Funchal sempre foi historicamente muito complicada em termos da navegação em determinadas épocas do ano, o que fazia duas coisas, primeiro as embarcações só entravam dentro do porto (...) para descarregar, porque normalmente lançavam a âncora ao largo, por causa de um conjunto de correntes e ventos que acontecia numa determinada época do ano, mas que, muitas vezes, era ocasional".
"O porto do Funchal, por textos que nós conhecemos, era conhecido como um dos portos mais difíceis e, para muitos estrangeiros, o parar no Funchal era sempre uma aventura", adiantou, reconhecendo que a zona tem um património subaquático decorrente dos naufrágios, mas a pesquisa pode encontrar um obstáculo no assoreamento.
O arqueólogo José Bettencourt defendeu que o turismo arqueológico subaquático poderia ser "um complemento à atividade turística de mergulho que já existe" no arquipélago.
"Trabalhamos para dar algo à comunidade, não só para responder a questões científicas, mas também para contribuir com o nosso trabalho para o desenvolvimento económico e cultural das áreas onde estamos a trabalhar", declarou.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Projecto avalia património arqueológico subaquático do Funchal

Um projeto do Centro de História de Além-Mar, das universidades Nova de Lisboa e dos Açores, está a avaliar o património arqueológico subaquático do Funchal, tendo identificado este mês, no decurso da primeira prospeção, um sítio arqueológico.

"O projeto que estamos agora a iniciar é de avaliação do potencial arqueológico subaquático do entorno ao porto do Funchal, que visa, essencialmente, avaliar as fontes escritas e também fazer prospeção nalguns pontos específicos onde essas fontes nos indiquem maior potencial científico para tentar detetar vestígios subaquáticos de naufrágios", disse à agência Lusa o arqueólogo José Bettencourt.
A investigação, iniciada em agosto do ano passado, vai analisar uma área entre a Ponta do Espinhaço e a ponta do Garajau, incluindo os vários fundeadouros do porto, numa distância de costa de cerca de 7,5 quilómetros, e contemplou, este mês, os primeiros mergulhos.
"Foram duas semanas de mergulhos pontuais apenas, sobretudo para confirmar algumas informações orais que nos tinham chegado da existência de vestígios arqueológicos. Fomos confirmar e avaliar, de uma forma muito preliminar ainda, esses vestígios. E, depois, realizámos outros mergulhos pontuais noutras zonas para perceber que tipo de fundo é que tem a área de estudo para depois planearmos as próximas fases de trabalho", adiantou o investigador do Centro de História de Além-Mar.
O especialista em arqueologia subaquática destacou que foi confirmada a existência de um sítio arqueológico, um navio que se encontra a cerca de dez metros de profundidade.
"A profundidade aqui desce muito rapidamente e, por isso, a maior parte dos vestígios que existirão nesta área estará mais funda", declarou o responsável, notando que a embarcação está praticamente toda enterrada, vendo-se, apenas, o topo de algumas madeiras, pelo que necessita "de uma intervenção diferente para responder às perguntas básicas".
No decurso desta prospeção, um dos elementos da equipa de investigação "viajou" até ao que se presume ser o navio "Pronto", que serviria para transportar água para o Porto Santo e víveres para outros ancoradouros da ilha da Madeira, e terá naufragado na II Guerra Mundial (1939/1945).
"É, também, objetivo do projeto valorizar outros locais subaquáticos e neste navio, que é muito visitado por mergulhadores, há todo o interesse em fazer um pouco mais de investigação", referiu José Bettencourt.
Financiado pelo Centro de História de Além-Mar e com o apoio logístico da Câmara do Funchal, através da sua Estação de Biologia Marinha e da empresa municipal Frente Mar, o trabalho permitiu já concluir que "existe um potencial arqueológico muito significativo" na área de estudo, embora "num ambiente difícil de trabalhar", decorrente dos aluviões das ribeiras.
A segunda prospeção ainda não tem data: "Agora vamos avaliar os dados deste ano e vamos, sobretudo, fazer uma análise sistemática da informação que está em arquivo sobre os naufrágios que ocorreram na área de estudo, para percebermos melhor quais as áreas que temos que apostar com maior incidência de toda a envolvente do porto, que é bastante grande", afirmou José Bettencourt, admitindo que a investigação poderá, no futuro, alargar-se a outros pontos do arquipélago com interesse arqueológico.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Congresso Internacional Ânforas Lusitanas (Tróia, 10 a 13 Outubro)



O Congresso Internacional Ânforas Lusitanas - Produção e Difusão irá decorrer entre 10 e 13 Outubro de 2013, em Tróia, numa parceria entre o CEAUCP - Centro de Estudos Arqueológicos das Universidades de Coimbra e Porto e o Troiaresort.



Mais informações: http://www.portugalromano.com/2013/04/congresso-internacional-anforas-lusitanas-producao-e-difusao-troia-outubro-2013/

Cultura Fluvial e Marítima: Património, Museus e Sustentabilidade (Sesimbra)

Sesimbra, Portugal 
Cine Teatro João Mota
23 a 26 de outubro 2013
O Congresso Internacional é uma realização da Câmara Municipal de Sesimbra, Divisão de Cultura, Museus e Património; CIEBA, Centro de Investigação e de Estudos em Belas-Artes da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, Portugal; Grupo de Pesquisa/CNPq/Brasil e Coletivo Cultural "VOX MUSEI arte e património" [Brasil/Portugal]; Capes/Brasil, Coordenação de Aperfeiçoamento de Ensino Superior, por meio do Plano Nacional de Pós-Doutorado, PNPD/Pró-Reitoria de Ensino de Pós-Graduação da Universidade Federal do Piauí, Brasil.
Os objetivos do evento são fomentar a investigação, valorizar, promover e divulgar o património cultural e natural de base comunitária fluvial e marítima.
Apesar da existência de uma longa tradição fluvial e marítima, são relativamente recentes as investigações nesse campo. Neste contexto, pretende-se divulgar estudos que permitam refletir sobre os distintos modos de agir e de pensar das comunidades locais, sobre o papel político e social dos patrimónios e dos museus.
Assim, para ampliar reflexões e debates sobre a complexidade das identidades, culturas, histórias, memórias dos diferentes grupos e comunidades fluviais e marítimas, organizamos um programa constituído, entre outras atividades, de mesas temáticas e comunicações que se traduzem certamente em espaços de debate excepcionais não só para a comunidade científica nacional e internacional, mas também para as próprias comunidades locais.
Pretendemos que o Congresso Internacional seja um ponto de partida para estudos, pesquisas, debates e intervenções nas ciências sociais e históricas, artes, patrimónios e museologia, permitindo-nos refletir e dialogar sobre as comunidades piscatórias, suas memórias, identidades, culturas, patrimónios, sustentabilidade, bem como sobre conceitos, metodologias e práticas no campo do Património Cultural Fluvial e Marítimo.

Mais informações: http://voxmusei.fba.ul.pt/eventos_sesimbra.html