terça-feira, 30 de outubro de 2012

Projecto Patacho of Pedro Diaz, Martinhal (Algarve)

No próximo dia 7 de Novembro decorrerá o dia aberto do Projecto Patacho of Pedro Diaz, das 9 h às 11 h e das 14 h às 17 h, no Martinhal Beach Resort.


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Projeto pioneiro em Portugal afunda corveta Oliveira e Carmo e o patrulha Zambeze

A corveta Oliveira e Carmo e o patrulha Zambeze, antigos navios da Marinha Portuguesa, serão afundados amanhã dia 30 de outubro ao largo da Prainha em Portimão, no âmbito do projeto “Ocean Revival” que visa criar um pólo de atração para o turismo subaquático.

Este será o primeiro conjunto de navios de um total de quatro que integram o “Ocean Revival” um projeto pioneiro em Portugal ao nível subaquático que permitirá igualmente manter bem viva a memória dos navios e do seu contributo para a Marinha e para Portugal para as gerações atuais e vindouras.
No próximo ano estão previstos os afundamentos da fragata Comandante Hermenegildo Capelo e do navio oceanográfico Almeida Carvalho, como estruturas de recifes artificiais.

Os navios:Ex-NRP Oliveira e Carmo Com 1400 toneladas e 85 metros de comprimento o ex-NRP Oliveira e Carmo entrou ao serviço da Marinha em 05 de fevereiro de 1975 e foi abatido ao efetivo em 1 de novembro de 2007, durante este período o navio realizou várias missões nacionais e internacionais.  A atribuição do nome Oliveira e Carmo constituiu uma homenagem da Marinha ao Segundo-Tenente Jorge Oliveira e Carmo morto em combate em 1961, quando comandava a Lancha "Vega", pelas forças da União Indiana que invadiram a Índia Portuguesa. Pelo seu ato heroico foi promovido a título póstumo ao posto de Capitão-Tenente e ainda hoje é recordado o seu feito.

Ex-NRP ZambezeFoi aumentado ao efetivo dos navios da Armada em 20 de Julho de 1972 e terminou a sua vida operacional em 2003. Durante os anos de 1972 e 1973 após um período de treino e adestramento da guarnição, realizou algumas missões nas Zonas Marítimas do Norte e do Sul. No dia 14 de Novembro de 1973 partiu com destino a Cabo Verde para uma Comissão no Ultramar. Entre 24 de Abril de 1974 e 10 de Maio de 1974 reforçou o dispositivo na Guiné-Bissau. Tendo regressado a Cabo Verde, continuou a desempenhar a sua missão até 25 de Fevereiro de 1975 altura em que regressou a Lisboa. De 1975 até ser abatido guarneceu o dispositivo naval do Continente e da Região Autónoma da Madeira.  

 

Cultura concluye el inventario y catalogación de las monedas del Odyssey

El Ministerio de Educación, Cultura y Deporte ya ha concluido el inventario y la catalogación de las monedas pertenecientes al tesoro de Nuestra Señora de las Mercedes que fue expoliado por la empresa Odyssey, según señala la subdirectora general de Protección Patrimonio Histórico, Elisa de Cabo.

El Ministerio de Educación, Cultura y Deporte ya ha concluido el inventario y la catalogación de las monedas pertenecientes al tesoro de Nuestra Señora de las Mercedes que fue expoliado por la empresa Odyssey, según señala la subdirectora general de Protección Patrimonio Histórico, Elisa de Cabo. 
En declaraciones a los periodistas este lunes en el marco del primer encuentro profesional de lucha contra el tráfico ilícito de bienes culturales, De Cabo ha señalado que el Ministerio que dirige José Ignacio Wert prevé dar una rueda de prensa para exponer todos los resultados y comunicar qué se va a hacer con esta "magnífica colección". 
Cabe recordar que el Tribunal Supremo de Estados Unidos ordenó a Odyssey el pasado mes de febrero que devolviera a España el tesoro de la fragata, capturado en 2007, tras el litigio iniciado por el Gobierno español para demostrar que La Mercedes estuvo en servicio militar activo con la misión de proteger al Estado español y a sus ciudadanos a lo largo de toda su historia, y también en el momento en que explotó y se hundió en combate. 
Hasta el momento, la Dirección General de Bellas Artes y Bienes Culturales y de Archivos y Bibliotecas ha mantenido que "estudiará las diferentes propuestas" que le han llegado para determinar el destino final de las más de 500.000 monedas que componen el tesoro, defendiendo así la necesidad de "garantizar ese servicio público y fomentar diferentes visiones enriquecedoras en la interpretación del patrimonio".


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Fundação Calouste Gulbenkian inaugura hoje a exposição "As Idades do Mar"


A fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa reúne mestres da pintura para mostrar a relação entre o Homem e o mar. A mostra abre hoje ao público.


É um dos grandes acontecimentos culturais do ano. Chama-se "As Idades do Mar" e está patente, a partir de hoje e até 27 de Janeiro  na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. São ao todo 109 quadros dos séculos XVI ao XX, provenientes de 51 instituições nacionais e estrangeiras, entre elas os museus do Prado e d"Orsay, para uma mostra que atravessa o romantismo de Turner, o expressionismo alemão de Caspar David Friedrich, o impressionismo de Monet , o realismo de Edward Hopper ou Courbet, a pop art de Nikas Skapinakis.
Partindo dos temas fundadores e recorrentes da representação do mar na pintura ocidental, a exibição está organizada em seis secções distintas: A Idade dos Mitos; A Idade do Poder; A Idade do Trabalho; A Idade das Tormentas; A Idade Efémera; A Idade Infinita.
De entre os autores portugueses presentes destaca-se a versão da histórica trágico-marítima pintada por Helena Vieira da Silva, que é sobretudo um olhar angustiado e angustiante sobre o Portugal Salazarista. Destaca-se ainda Amadeu Sousa-Cardoso com A Chalupa: um abismo de azuis onde se perde a vaga evocação de um barco. João Vaz, André Reinoso ou Nikas Skapinakis.
Em torno da exposição realizam-se ainda conferências sobre iconografia do mar na azulejaria, na tapeçaria e na pintura. Deuses no mar e na arte: Do Rapto de Europa à Libertação de Andrómeda, no dia 5; Da linha do horizonte à paisagem. Evolução da tapeçaria nas coleções espanholas, dia 12; A paisagem marítima no século XIX, dia 16. A mostra é visitável todos os dias da semana, entre as 10 e as 18 horas.


Navio-escola Sagres comemora 75 anos do lançamento à água e abre a visitas em Lisboa

No próximo dia 30 de outubro o Navio-escola Sagres comemora 75 anos do seu lançamento à água. Para assinalar tão importante data na vida do Navio, irão decorrer diversas atividades de natureza social e cultural no período de 30 de outubro a 01 de novembro com o Navio atracado no cais do Jardim do Tabaco, em Lisboa, onde estará aberto a visitas.



No dia em que o navio comemora os 75 anos de vida a Marinha irá celebrar a data com uma cerimónia a bordo, do programa consta:

17h38 - Cerimónia do arriar da bandeira
17h45 - Chegada do Chefe do Estado-Maior da Armada ao NRP Sagres
18h10 - Início da cerimónia 
            Apresentação do livro “Sagres – Construindo a Lenda”, da autoria do Comandante Manuel Gonçalves               
            Primeira audição da peça musical "Sagres", da autoria de Jonas Runa
            Apresentação do prato comemorativo, pela PHILAE 
            Apresentação pública da medalha comemorativa, pela Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM)
            Lançamento da moeda de 2,5 euros comemorativa, pela INCM                                           
19h30 - Fim da cerimónia

Ao longo deste ano o Navio-Escola Sagres já recebeu a visita de mais de 152 mil portugueses que quiseram visitar o navio e dar os parabéns. Para culminar mais um ano memorável na sua história, a Sagres irá abrir ao público nos seguintes dias e horários:
31 outubro10h00-12h00; 14h00-17h00;
1 novembro10h00-12h00; 14h00-19h00; 20h00-23h00.
Resumo histórico do navio
O Navio-escola Sagres foi construído nos estaleiros da Blohm & Voss, em Hamburgo, em 1937, tendo recebido o nome Albert Leo Schlageter. Em 1948 entrou ao serviço da Marinha do Brasil e foi batizado de Guanabara. Em 1961 foi adquirido por Portugal com o objetivo de substituir a antiga Sagres, que já não se encontrava em condições de assegurar a continuidade das viagens de instrução, dele herdando todos os símbolos, incluindo o próprio nome.
A Sagres içou pela primeira vez a bandeira portuguesa a 8 de Fevereiro de 1962. Desde então tem assegurado a formação marinheira dos futuros oficiais da Armada, complementando assim as componentes técnica e académica ministradas na Escola Naval. Nestas funções efetuou 155 viagens, pelos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, mares do Norte, das Caraíbas, do Japão, da China, Mediterrâneo, Arábico, Báltico, Vermelho e Amarelo. Nos 50 anos ao serviço de Portugal e da Marinha Portuguesa já realizou três voltas ao mundo, com 385 visitas a portos e cerca de 600 000 milhas navegados e é conhecido como um Embaixador Itinerante ao serviço de Portugal.
Em articulação com a Presidência da República e com o Governo, tem prestado um importante apoio à participação de Portugal em diversos eventos internacionais como a Expo Mundial em Nova Iorque (1964), o bicentenário da Independência dos Estados Unidos (1976), o bicentenário da Estátua da Liberdade (1986), o Festival Cabrilho em S. Diego (1978, 1983 e 1992), as comemorações de Jacques Cartier no Canadá (1984), as celebrações do Desembarque da Normandia em Rouen (1989), os 500 anos da descoberta da América (1992), os 450 anos da chegada dos portugueses ao Japão (1993), as comemorações do descobrimento do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama (1998), as comemorações do Descobrimento do Brasil por Álvares Cabral (2000), a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos em Atenas (2004), o bicentenário da Batalha de Trafalgar (2005), o bicentenário das independências dos países da América do Sul (2010) ou a Expo de Xangai (2010).
O NRP Sagres é, presentemente, um dos veleiros mais conhecidos em todo o mundo, tendo inclusivamente acolhido a bordo inúmeros visitantes ilustres, desde presidentes da república, primeiros-ministros, reis, príncipes, bem como figuras ímpares da cultura como a fadista Amália Rodrigues, o Captain Alan Villiers, o pintor Roger Chapelet, o jornalista Fernando Pessa ou o realizador Manoel de Oliveira, que a bordo deixaram o seu testemunho no Livro de Honra do navio.

domingo, 21 de outubro de 2012

A baía de Angra é um laboratório de arqueologia e cada mergulho conta

Os arqueólogos trabalharam este Verão nos destroços de um navio que pode ter 400 anos. Será do País Basco? Será que vinha das Caraíbas? Este é o primeiro barco escavado nos Açores em contexto de investigação.


Com o mau tempo, a baía de Angra do Heroísmo pode ser uma armadilha. Os piores ventos vêm de sul e trazem ondas grandes. Ali a maioria dos naufrágios aconteceu com as embarcações já fundeadas. "Aquilo podia ser traiçoeiro - os navios entravam e depois já não conseguiam sair. O que vale é que, perto de terra, quase tudo se salvava", diz o arqueólogo José Bettencourt, que já tem muitas horas de mergulho na Terceira, a ilha açoriana onde trabalha de forma mais sistemática desde 2006.

Bettencourt e a sua equipa, a única de arqueologia náutica activa nos Açores, estiveram em Angra a escavar todo o Verão e pelo segundo ano consecutivo, integrados num projecto da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), dirigido pelo historiador José Damião Rodrigues, investigador do Centro de História de Além-Mar e da Universidade dos Açores. 

O trabalho, que em grande parte é financiado pela FCT (100 mil euros a três anos) e que em 2013 se dedicará sobretudo à escavação exaustiva das partes do navio postas a descoberto na campanha deste ano, envolve uma embarcação que deverá ser de meados do século XVI e tem objectivos ambiciosos. "Queremos reunir o máximo de informação possível sobre a construção naval, as rotas atlânticas, o papel de Angra nestas rotas e sobre a vida a bordo", explica José Bettencourt, que tem um doutoramento em curso centrado no património subaquático da baía. "Depois, com essa informação, gostávamos de fazer uma reconstrução virtual do navio, perceber como funcionava e inseri-lo no seu contexto histórico." Sem esquecer, garante, as propostas de valorização turística deste património que a água esconde.

"Cada vez que mergulhamos na baía de Angra encontramos coisas novas. Se estivesse rigorosamente mapeada, tenho a certeza de que passaríamos rapidamente dos dez naufrágios identificados para os 40 ou 50." A carta arqueológica da Terceira, feita pela Direcção Regional de Cultura dos Açores, que em meados da década de 1990 fez importantes trabalhos na baía de Angra, com o Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática e com o Institute of Nautical Archaeology, está longe de ser exaustiva, o que é, aliás, natural neste tipo de património.

Cada destroço da baía tem uma letra. A equipa de Bettencourt, que neste Verão teve oito elementos, está a escavar no Angra B e, depois de dois anos de campanhas a cinco metros de profundidade, são ainda poucas as certezas. "O que podemos dizer é muito pouco", reconhece, embora os dados recolhidos, ainda que falte o estudo exaustivo dos materiais e mais uns meses debaixo de água, lhe permitam já levantar algumas hipóteses. "É provavelmente uma embarcação espanhola, que fazia as rotas oceânicas... Ainda nos é impossível dizer que tamanho tinha - talvez entre 200 e 300 toneladas - ou de que tipo seria."

Em risco

A escavação, precisa o arqueólogo de 34 anos, foi feita apenas porque os vestígios do Angra B corriam o risco de se degradar sem que os especialistas pudessem estudá-los. "Este navio foi completamente saqueado na altura do naufrágio. A população recuperou tudo, da carga à artilharia." Assim sendo, o que podemos ainda aprender sobre este barco naufragado há 400 anos? "Muita coisa. Este é o primeiro navio a ser escavado em ambiente de investigação nos Açores, e não para minimizar impactos de obras. É um laboratório."

A ser espanhola, a embarcação poderá ter feito parte da frota conhecida como Carreira das Índias (não confundir com a Carreira da Índia, que ligava Lisboa a Goa) e da chamada Rota da Prata, ponte entre Castela e a sua fatia das Américas. "Pode ser de construção basca", diz Bettencourt. "Mas o império castelhano tinha também na Cantábria um dos seus principais estaleiros navais. Naquela zona da península a abundância de ferro e madeira e a proximidade do mar facilitavam a construção de navios." Além disso, acrescenta, as cerâmicas já recuperadas são espanholas e não há nada de materiais africanos ou asiáticos. A possibilidade de fazer parte de uma rota atlântica, e de ter vindo, por exemplo, das Caraíbas, é reforçada pelo facto de, no lastro do navio - pedras que eram colocadas no fundo para o equilibrar - terem sido encontrados pedaços de coral. "Outra coisa que reforça esta teoria é que o navio era todo forrado a chumbo, protecção da madeira que se usava naquela época em embarcações destinadas a águas quentes como as do mar das Caraíbas."

Agora Bettencourt e os outros investigadores vão estudar os materiais e monitorizar os vestígios submersos durante o Inverno. Para o ano voltam às águas da baía com o seu grande aspirador, as caixas de plástico para os materiais e a rotina de mergulhos diários de duas horas para cada arqueólogo. Seis horas no mar por regra, 12 sempre que a meteorologia previr ventos de sul para os dias seguintes. Com ondas grandes.


Fonte: http://www.publico.pt/Local/a-baia-de-angra-e-um-laboratorio-de-arqueologia-e-cada-mergulho-conta-1568124?all=1

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Escola Naval: Pós-Graduação em Medicina Hiperbárica e Subaquática

A Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) e a Escola Naval (EN) abriram concurso para o curso de Pós-graduação em Medicina Hiperbárica e Subaquática, a ter lugar no presente ano letivo de 2012-2013.

As candidaturas estão abertas até 26 de Outubro de 2012, e deverão ser efetuadas on-line através do preenchimento do formulário acessível em http://fm.academicos.ul.pt/cssnetfm.

Folheto: http://www.marinha.pt/PT/noticiaseagenda/Destaques/Documents/FOLHETO%20MHS%202012.pdf

Mais informações: http://www.marinha.pt/PT/noticiaseagenda/noticias/Pages/EscolaNavalPosGraduacaoemMedicinaHiperbaricaeSubaquatica.aspx

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Arqueólogos à descoberta de vestígios de naufrágio na época romana

Uma equipa de arqueólogos vai tentar localizar vestígios de um naufrágio da época romana no rio Arade, em Portimão, no âmbito de uma campanha subaquática que arranca na quarta-feira, disse esta segunda-feira um responsável do projecto à Lusa.


O trabalho de campo, que vai durar duas semanas, consiste numa primeira fase na prospecção visual e no registo, através de fotografias e desenhos, e no levantamento de vestígios que estiverem mais à superfície, explicou o arqueólogo Cristóvão Fonseca.
Admite-se que num dos locais identificados para prospecção possa ter ocorrido um naufrágio na época romana, devido à descoberta de uma grande concentração de ânforas (espécie de vaso em cerâmica), algumas ainda completas.
Contudo, a hipótese só poderá ser confirmada com o avanço de trabalhos de escavação que, consoante os resultados obtidos agora, poderão realizar-se em 2013, já que a zona pode ter servido apenas como fundeadouro, referiu Cristóvão Fonseca.
A confirmar-se, a zona pode passar a integrar o roteiro turístico de mergulhadores, atraindo curiosos a Portimão, cidade ao largo da qual vão ser afundados no final deste mês dois navios para visitas subaquáticas.
"A antiguidade dos vestígios e a possibilidade de contar uma história tornam o mergulho naquela zona mais interessante", observou o responsável.
O arqueólogo e José Bettencourt são os coordenadores da campanha arqueológica promovida pelo Centro de História de Além-Mar da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

domingo, 7 de outubro de 2012

Serão caravelas? Galeões? Há velhos navios enterrados sob a Av. 24 de Julho


Duas embarcações seiscentistas surgiram durante as obras para a construção da nova sede da EDP, no Aterro da Boavista. Por enquanto, ainda é cedo para determinar o seu valor patrimonial e o seu destino.   

Vestígios de dois navios do séc. XVII foram descobertos pelos arqueólogos que estão a acompanhar as obras destinadas à construção da sede da EDP na Av. 24 de Julho, em Lisboa. 

Serão caravelas experimentadas nas duras travessias rumo a terras longínquas? Galeões um dia envolvidos em batalhas e nos ataques dos corsários dos mares? Ou que ter-se-ão limitado a viajar em redor da costa portuguesa? Ainda é cedo para perceber por onde andaram até jazerem aqui enterrados no lodo e que segredos podem revelar-nos, porque a escavação não terminou. Daí que o seu destino permaneça incerto. Depende do estado de conservação das madeiras e também do valor que lhes for atribuído pela tutela governamental do património arqueológico.

Os arqueólogos que estão no terreno escusam-se por agora a pronunciar-se sobre a importância dos achados, que incluem vários cachimbos da época e ainda seis âncoras. "É muito cedo", alega Alexandre Sarrazola, da Era Arqueologia, empresa que conta nesta escavação com o acompanhamento do Centro de História de Além-Mar da Universidade Nova de Lisboa. "Primeiro temos de estudar as peças." 

Não são os primeiros navios das épocas dos Descobrimentos e da Expansão marítima encontrados na frente ribeirinha de Lisboa. Há 17 anos, durante a abertura do túnel do metropolitano para o Cais do Sodré, foi localizado o casco de uma embarcação que os testes de radiocarbono determinaram ser da segunda metade do século XV ou de inícios do século XVI, embora alguns especialistas ponham a hipótese de ser de origem seiscentista. Outras obras do metropolitano haviam de revelar pouco tempo depois parte de um navio com seis séculos de história no Corpo Santo. Já este ano, um estrado de madeira de dimensões gigantescas encontrado ainda mais perto da obra da sede da EDP, a vizinha Praça D. Luís, veio comprovar, uma vez mais, aquilo que referem a iconografia e os testemunhos escritos chegados até aos dias de hoje: que toda a beira-rio entre o Campo das Cebolas e Alcântara foi uma zona privilegiada para a construção, reparação de navios e restante actividade portuária. 

Neste momento ninguém se aventura a avançar se debaixo da antiga fábrica de gás que existia na Av. 24 de Julho, agora desmantelada para a obra da sede da EDP poder prosseguir, haverá ainda mais surpresas. Mais navios, por exemplo. "Seria insensato tecer considerações sobre a restante área não escavada", alega Alexandre Sarrazola, explicando que o uso de aparelhos de prospecção geofísica para determinar a existência de objectos no subsolo não é, neste caso, adequado: toda a área se situa no chamado Aterro da Boavista, um pedaço de terra ganha ao rio no séc. XIX que contém demasiados materiais para fornecer uma radiografia com legibilidade suficiente. 

As duas embarcações foram encontradas no mês passado, mas só a primeira foi já escavada e não na sua totalidade. Do que já viram da quilha e do cavername, os arqueólogos pensam tratar-se de um navio no mínimo de médio porte - o que equivale a uma vintena de metros de comprimento - "com forte probabilidade de ser de tradição mediterrânica", por oposição às tipologias construídas nos países nórdicos. Apresenta um casco duplo, uma forma de reforçar a estrutura da embarcação e de a proteger. 

Quanto à datação, os arqueólogos tiveram a preciosa ajuda dos pequenos cachimbos encontrados junto aos destroços: alguns deles apresentam como chancela uma marca com as letras HB encimadas por uma coroa, o que permite aos especialistas concluir que vieram de um grande centro produtor destes objectos na época - Gouda, na Holanda. Fabricados em materiais pouco resistentes e por isso mesmo em grandes quantidades, os cachimbos são dos achados que permitem aos arqueólogos datações com mais precisão, uma vez que os respectivos modelos eram frequentemente alterados. Pensa-se que os da Av. 24 de Julho remontem à última década do séc. XVII. Junto ao primeiro barco foi ainda encontrado cordame. Quanto à segunda embarcação, "é com toda a probabilidade posterior à primeira, porque foi lá detectado um cadernal [roldana]", instrumento de fabrico mais recente, assinala o mesmo responsável. Sobre as seis âncoras é que não há certezas: como não estavam perto de nenhum dos navios, podem simplesmente ter ido ali parar juntamente com o restante material que serviu para prolongar a margem rio dentro. "Uma é pequena e as restantes de médias dimensões", descreve Alexandre Sarrazola. Apesar da tradição do desenvolvimento de actividades portuárias nesta frente ribeirinha, o aparecimento dos barcos não significa necessariamente a existência de um estaleiro naval no local, equaciona: "Pode ter havido um naufrágio." "Ou então os navios podiam estar adornados na praia fluvial que aqui existia." A primeira embarcação está, de resto, assente numa língua de areia agora subterrânea que fazia parte da baía que aqui havia à época.

A subdirectora-geral do Património, a arqueóloga Ana Catarina Sousa, já esteve na escavação e explica que as zonas ribeirinhas funcionam como verdadeiras cápsulas do tempo, ao conservarem tanto os vestígios orgânicos como inorgânicos. No que diz respeito a uma eventual musealização das peças, "ainda é prematuro tomar uma decisão, uma vez que não se sabe se estão em condições para isso". Mas mesmo que esse seja o destino deste espólio, é quase certo que passará mais de uma década até que o público tenha oportunidade de olhar para elas. É que a sua conservação implica a imersão da madeira, durante vários anos, em tanques com soluções químicas que substituem as partículas da água existentes nos barcos até aqui enterrados no lodo. Doutra forma as madeiras deformam-se e correm o risco de se desfazerem. Depois dessa morosa operação, ainda há que proceder a uma secagem, antes de as peças estarem prontas para serem expostas. Passada mais de década e meia, nenhuma das embarcações encontradas na zona ribeirinha de Lisboa está musealizada, nem há data marcada para isso acontecer. Já os 380 toros da mega-rampa de lançamento de barcos da Praça D. Luís tiveram dois destinos distintos: grande parte voltaram a ser enterradas numa zona de lodos do Alfeite, na Margem Sul, enquanto as peças mais significativas da estrutura foram depositados em tanques de conservação na Cordoaria Nacional. 

No caso das descobertas da sede da EDP, todos os encargos decorrentes não só da escavação mas também da conservação correm por conta da empresa, refere Ana Catarina Sousa, sublinhando que é isso que a lei determina. Voltar a enterrar os navios na Av. 24 de Julho está fora de questão, diz a subdirectora-geral do Património, uma vez que isso impediria a continuação da obra. 

"Será feito o que for possível a nível patrimonial", promete o autor da nova sede da EDP, o arquitecto Manuel Aires Mateus. "Tudo está a ser tratado com o maior cuidado. É património, é bom."

Terrenos estão a ser descontaminados

700 toneladas de nafta foram retiradas do terreno da Av. 24 de Julho onde vai surgir a nova sede da EDP, e no qual funcionou, no séc. XIX, a fábrica de gás que iluminou a cidade antes do surgimento da electricidade. São informações dadas pelo director da obra, que explica que este produto se encontrava num depósito no subsolo, debaixo da antiga unidade fabril. Segundo a EDP, a descontaminação dos solos "está a ser feita no centro integrado de recuperação, valorização e eliminação de resíduos da Chamusca", para posterior deposição num aterro de resíduos perigosos, caso se justifique este procedimento. A nafta em estado sólido teve um destino semelhante, enquanto aquela em estado líquido "foi hidroaspirada e transportada para a José Maria Ferreira e Filhos", uma empresa de recolha de óleos usados.