Mostrar mensagens com a etiqueta Pais Basco. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Pais Basco. Mostrar todas as mensagens

domingo, 21 de outubro de 2012

A baía de Angra é um laboratório de arqueologia e cada mergulho conta

Os arqueólogos trabalharam este Verão nos destroços de um navio que pode ter 400 anos. Será do País Basco? Será que vinha das Caraíbas? Este é o primeiro barco escavado nos Açores em contexto de investigação.


Com o mau tempo, a baía de Angra do Heroísmo pode ser uma armadilha. Os piores ventos vêm de sul e trazem ondas grandes. Ali a maioria dos naufrágios aconteceu com as embarcações já fundeadas. "Aquilo podia ser traiçoeiro - os navios entravam e depois já não conseguiam sair. O que vale é que, perto de terra, quase tudo se salvava", diz o arqueólogo José Bettencourt, que já tem muitas horas de mergulho na Terceira, a ilha açoriana onde trabalha de forma mais sistemática desde 2006.

Bettencourt e a sua equipa, a única de arqueologia náutica activa nos Açores, estiveram em Angra a escavar todo o Verão e pelo segundo ano consecutivo, integrados num projecto da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), dirigido pelo historiador José Damião Rodrigues, investigador do Centro de História de Além-Mar e da Universidade dos Açores. 

O trabalho, que em grande parte é financiado pela FCT (100 mil euros a três anos) e que em 2013 se dedicará sobretudo à escavação exaustiva das partes do navio postas a descoberto na campanha deste ano, envolve uma embarcação que deverá ser de meados do século XVI e tem objectivos ambiciosos. "Queremos reunir o máximo de informação possível sobre a construção naval, as rotas atlânticas, o papel de Angra nestas rotas e sobre a vida a bordo", explica José Bettencourt, que tem um doutoramento em curso centrado no património subaquático da baía. "Depois, com essa informação, gostávamos de fazer uma reconstrução virtual do navio, perceber como funcionava e inseri-lo no seu contexto histórico." Sem esquecer, garante, as propostas de valorização turística deste património que a água esconde.

"Cada vez que mergulhamos na baía de Angra encontramos coisas novas. Se estivesse rigorosamente mapeada, tenho a certeza de que passaríamos rapidamente dos dez naufrágios identificados para os 40 ou 50." A carta arqueológica da Terceira, feita pela Direcção Regional de Cultura dos Açores, que em meados da década de 1990 fez importantes trabalhos na baía de Angra, com o Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática e com o Institute of Nautical Archaeology, está longe de ser exaustiva, o que é, aliás, natural neste tipo de património.

Cada destroço da baía tem uma letra. A equipa de Bettencourt, que neste Verão teve oito elementos, está a escavar no Angra B e, depois de dois anos de campanhas a cinco metros de profundidade, são ainda poucas as certezas. "O que podemos dizer é muito pouco", reconhece, embora os dados recolhidos, ainda que falte o estudo exaustivo dos materiais e mais uns meses debaixo de água, lhe permitam já levantar algumas hipóteses. "É provavelmente uma embarcação espanhola, que fazia as rotas oceânicas... Ainda nos é impossível dizer que tamanho tinha - talvez entre 200 e 300 toneladas - ou de que tipo seria."

Em risco

A escavação, precisa o arqueólogo de 34 anos, foi feita apenas porque os vestígios do Angra B corriam o risco de se degradar sem que os especialistas pudessem estudá-los. "Este navio foi completamente saqueado na altura do naufrágio. A população recuperou tudo, da carga à artilharia." Assim sendo, o que podemos ainda aprender sobre este barco naufragado há 400 anos? "Muita coisa. Este é o primeiro navio a ser escavado em ambiente de investigação nos Açores, e não para minimizar impactos de obras. É um laboratório."

A ser espanhola, a embarcação poderá ter feito parte da frota conhecida como Carreira das Índias (não confundir com a Carreira da Índia, que ligava Lisboa a Goa) e da chamada Rota da Prata, ponte entre Castela e a sua fatia das Américas. "Pode ser de construção basca", diz Bettencourt. "Mas o império castelhano tinha também na Cantábria um dos seus principais estaleiros navais. Naquela zona da península a abundância de ferro e madeira e a proximidade do mar facilitavam a construção de navios." Além disso, acrescenta, as cerâmicas já recuperadas são espanholas e não há nada de materiais africanos ou asiáticos. A possibilidade de fazer parte de uma rota atlântica, e de ter vindo, por exemplo, das Caraíbas, é reforçada pelo facto de, no lastro do navio - pedras que eram colocadas no fundo para o equilibrar - terem sido encontrados pedaços de coral. "Outra coisa que reforça esta teoria é que o navio era todo forrado a chumbo, protecção da madeira que se usava naquela época em embarcações destinadas a águas quentes como as do mar das Caraíbas."

Agora Bettencourt e os outros investigadores vão estudar os materiais e monitorizar os vestígios submersos durante o Inverno. Para o ano voltam às águas da baía com o seu grande aspirador, as caixas de plástico para os materiais e a rotina de mergulhos diários de duas horas para cada arqueólogo. Seis horas no mar por regra, 12 sempre que a meteorologia previr ventos de sul para os dias seguintes. Com ondas grandes.


Fonte: http://www.publico.pt/Local/a-baia-de-angra-e-um-laboratorio-de-arqueologia-e-cada-mergulho-conta-1568124?all=1

domingo, 9 de setembro de 2012

Análises dendocronológicas confirmam que o barco de Newport é basco


Análisis dendrocronológicos constatan que el pecio, hallado en 2002, es de roble del País Vasco 


El barco medieval descubierto en Newport (Galés) en 2002 es vasco. A esta conclusión se ha llegado tras el exitoso trabajo de colaboración entre el dendrocronólogo del Reino Unido Nigel Nyling, que ha encabezado los trabajos de excavación e investigación sobre el pecio medieval, y el laboratorio vasco de dendrocronología Arkeolan, que demuestra que la madera con la que se construyó la nave, en el siglo XV, es de roble procedente del País Vasco.
Con el hallazgo de este barco, construido con la técnica denominada 'a tingladillo' ( típica en la cornisa cantábrica) «hemos conseguido rellenar el hueco sobre la técnica constructiva del siglo XV, que faltaba por descubrir», aseguraba ayer Nyling durante la presentación de las investigaciones. Se trata de un barco «de unas dimensiones importantes para esa época», con 30 metros de quilla y hasta 300 toneladas de carga. «Conocer su origen ha sido un misterio estos diez años y, aunque había indicios que hacían pensar que procedía de la Península Ibérica, como las cerámicas hispanas y las monedas encontradas en él, ha sido ahora, con los análisis realizados en colaboración con Arkeolan, que hemos resuelto el enigma», apuntó el científico británico quien aseguró que el barco, con el casco en bastante buen estado, se encuentra en fase de conservación «para llevarlo a un museo y quede expuesto al público».
Nyling comentó que «no existe» documentación acerca de la nave, pero que la teoría más sólida es que se trataba de «un barco mercante que hacía la ruta hacia Bristol y que en el trayecto fue capturado y llevado a reparar a Newport».
Josúe Susperregi, responsable del laboratorio Arkeolan, explicó que la dendrocronología es la ciencia que estudia los anillos de crecimiento de los árboles y que «gracias a que hay tipos de árboles que producen un anillo de crecimiento diferente cada año se pueden estudiar estas series de referencia y obtener una datación precisa de las construcciones realizadas en madera».
El científico de Arkeolan comentó que «Nigel me mandó las medidas del barco hace unos 7 años» pero en aquel momento la curva de referencia con la que contaba Arkeolan no estaba desarrollada hasta el punto de poder datar el barco. «Pero gracias al trabajo de los últimos años hemos ampliado en el tiempo esa curva de referencia hasta el siglo XIII y eso ha hecho posible datar esta construcción del siglo XV».