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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Inauguração da exposição “O TEMPO RESGATADO AO MAR” - Cantanhede.

Inauguração da exposição “O TEMPO RESGATADO AO MAR”  - dia 27 de novembro de 2015, pelas 16h00, no Museu da Pedra - Cantanhede


sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Slavonia, o paquete inglês que naufragou com as Flores à vista

Mais de cem anos após o acidente, o Governo dos Açores criou no local um parque arqueológico subaquático, o quarto no arquipélago. Objectivo é criar uma rede para atrair ainda mais mergulhadores aos tesouros do mar açoriano.













“Em 26 anos, os navios Cunard cruzaram duas mil vezes o Atlântico, e nunca uma viagem foi cancelada, nunca um atraso foi registado, nunca uma única carta, um único homem, um único navio foram perdidos”. Escrevia assim Júlio Verne no final do século XIX, em Vinte Mil Léguas Submarinas, sobre uma das maiores empresas de navegação da época, conhecida pela forte aposta na segurança. Entre centenas de navios que a britânica Cunard possuiu, poucos naufragaram. Um deles ficou no fundo do mar português e deu agora origem a um parque arqueológico subaquático.

Diz-se que renomear navios dá azar e a história do Royal Mail Ship (RMS)Slavonia confirma-o. O navio lançado à água em 1902 foi inicialmente baptizado Yamuna e pertenceu à British Indian Steam Navigation, tendo transportado correio, carga e passageiros entre Inglaterra e Índia. Cinco meses após a viagem inaugural foi vendido à Cunard, que o remodelou e lhe mudou o nome, adoptando o topónimo de uma das regiões de onde partiam mais emigrantes europeus com destino aos EUA, a Eslavónia, na Croácia.

“E foi assim que, juntamente com um seu congénere, o Pannonia, o transatlântico Slavonia passou a transportar, à ida, emigrantes europeus em busca do sonho americano e à volta os passageiros endinheirados de Nova Iorque para Liverpool”, descreve o arqueólogo subaquático Alexandre Monteiro, num documento sobre a história do naufrágio ocorrido ao largo da ilha das Flores, em 1909.

No início do século XX, a Cunard Steamship Company disputava o monopólio das rotas europeias e norte-americanas com a White Star Line. Os paquetes distinguiam-se pelos nomes: todos os da White Star tinham nomes acabados em “ic” — como Britannic e Titanic — e os da Cunard terminavam em “ia”. O naufrágio do Titanic, três anos depois do Slavonia, condenou a proprietária à quase falência e em 1934 a Cunard comprou a rival. Nascia assim a Cunard White Star Line, dona do Queen Mary e dos Queen Elizabeth, que ainda hoje cruzam os oceanos.


Nevoeiro fatal

Numa das viagens do Slavonia, que viria a ser a última, o paquete partiu de Nova Iorque a 3 de Junho, uma quinta-feira, rumo a Trieste, no nordeste de Itália. Segundo Alexandre Monteiro, o cruzeiro levava 178 tripulantes e 597 passageiros, dos quais perto de cem viajavam em primeira classe. Foi destes que partiu a ideia de pedir ao comandante que fizesse um pequeno desvio na rota (estava previsto que passassem a 160 quilómetros a norte da ilha do Corvo), para que pudessem apreciar melhor as paisagens açorianas.

Estavam há seis dias em alto mar, faltavam dez para o destino. O comandante, Arthur Dunning, com três décadas de experiência (tinha pedido a reforma em Nova Iorque, antes de partir), fez-lhes a vontade: decidiu navegar pelo sul da ilha das Flores, passando a cerca de seis milhas náuticas de terra, e só depois seguir a viagem prevista.

Mas quando o navio se aproximou da ilha havia um nevoeiro cerrado e a forte corrente marítima desviou o paquete da rota. Nem o Farol das Lajes das Flores ajudou — apesar de praticamente concluído ainda lhe faltavam máquinas e a lanterna. Às 2h30 da madrugada de 10 de Junho cumpriu-se o desejo dos passageiros de ver terra mas nada pôde travar o acidente — o RMS Slavonia embateu nos rochedos da Baixa Rasa e galgou a costa do Lajedo. Com a água a invadir os porões do barco mas ainda com a popa emersa e as varandas iluminadas, o telegrafista teve tempo para fazer história: foi o primeiro a transmitir, em código Morse, sinais de SOS.

O pedido de socorro foi captado pelo paquete germânico Prinzess Irene e pelo navio Batavia, que se encontravam perto e acorreram ao local, ajudando os tripulantes a desembarcar e, no dia seguinte, a continuar a viagem. O acidente abalou a pacatez da ilha, imersa na escuridão àquelas horas da noite (a luz eléctrica só chegou a Lajes das Flores na década de 1930), mas a população fez o que pôde para ajudar ao resgate. O esforço foi reconhecido pelo Papa Pio X que, em sinal de gratidão, ofereceu um cálice de prata à Igreja Matriz.

Ao amanhecer, a água chegou às caldeiras do Slavonia e às 8h o fogo apagou-se nas fornalhas. O navio, com mais de dez mil toneladas e 160 metros de comprimento, afundou, tornando-se uma das perto de mil embarcações que naufragaram ao largo dos Açores, desde o século XVI, assinaladas na Carta Arqueológica. “O comandante Dunning abalado pelo naufrágio e pelas circunstâncias caricatas em que este tinha ocorrido, tentou suicidar-se várias vezes, no que foi impedido pelo telegrafista”, conta Alexandre Monteiro.


Memórias espalhadas

Os destroços do Slavonia repousam agora a 15 metros de profundidade. “Pouco resta de reconhecível”, descreve o arqueólogo, que já em 1999 tinha proposto a criação de reservas, naquele e noutros locais onde se registaram naufrágios, para regular o acesso e promover o turismo subaquático. Só em Julho deste ano é que o Governo Regional anunciou a criação do Parque Arqueológico Subaquático do Slavonia, oficializada com a publicação do decreto em Diário da República, nesta terça-feira.

No parque vai continuar a ser permitida a prática de mergulho amador e será proibida a pesca, a ancoragem de embarcações ou bóias, e a realização de trabalhos de investigação científica sem autorização da tutela. Além disso, a recolha de materiais apenas é possível no âmbito de trabalhos arqueológicos devidamente licenciados.

Mas o que há ainda para ver do paquete inglês? Estão lá ainda as seis caldeiras do vapor, restos dos cabeços de amarração e dos guindastes, uma âncora e pouco mais. Os objectos mais valiosos — uma mala de correio, loiças, talheres de prata, quadros ou mobílias, e até bolachas, latas de café, conservas e cobertores de lã — foram recolhidos pela população. “Muitas coisas estão ainda nas casas das pessoas e no Museu das Flores”, conta o presidente da Câmara de Lajes das Flores, Luís Maciel, explicando que por isso mesmo existe na ilha “uma certa mística” associada a este naufrágio.

A Cunard ainda tentou salvar o navio do afundamento, enviando um rebocador e mergulhadores. “Foram recuperadas mesas, cadeiras, velames, cordas e lingotes de cobre, no valor de 1800 contos [9000 euros] e óleo no valor de 24 contos [120 euros]”, lê-se no documento assinado por Alexandre Monteiro. “A carga de café, o restante cobre e três automóveis que vinham no porão foram engolidos pelo mar das Flores. Os prejuízos cifraram-se, na época, em cerca de 15 mil contos [75 mil euros].”

Com a criação do parque do Slavonia e com mais um que aguarda aprovação — para a zona onde está afundado o vapor espanhol Canarias, ao largo de Santa Maria —, o arquipélago fica com cinco parques arqueológicos subaquáticos. No ano passado foi criado um parque no local onde se afundou, em 1901, o navio francês Caroline, junto à ilha do Pico. Este juntou-se aos parques da Baía de Angra do Heroísmo (ilha Terceira), no local onde em 1878 naufragou o Lidador, e do Dori, em São Miguel.

Segundo o director regional da Cultura, Nuno Lopes, o Governo dos Açores “está a trabalhar para estabelecer um roteiro ou uma rota que é composta por cinco parques arqueológicos e diferentes [espaços de] naufrágios que são acessíveis” aos mergulhadores, promovendo assim este turismo.


terça-feira, 18 de agosto de 2015

'Monstro' marinho assustador é retirado do fundo do mar na Suécia

É a primeira vez que algo do tipo, datado do século XV, é retirado de um naufrágio

Uma figura "aterrorizante", que fazia parte de um navio de guerra que afundou no mar Báltico há 500 anos, foi erguida do fundo do mar com grande emoção para os arqueólogos. Afinal, não são todos dias que se depara com um "monstro" marinho esculpido em madeira de 3,5 metros de comprimento e que pesa 300 kg.

"Na última vez em que essa figura 'viu' o mundo, Leonardo da Vinci e Cristóvão Colombo ainda estavam vivos", diz Johan Rönnby, professor de arqueologia marinha da Universidade Södertörn, da Suécia, em entrevista à Reuters. Ele fez parte da equipa de resgate que trabalhou na recuperação do artefato.

Feito a partir de um único pedaço de madeira, o "monstro" seria uma espécie de animal, com orelhas de leão e boca de jacaré,  parece que está engolindo ou cuspindo uma pessoa. Esse tipo de figura, normalmente, era colocada na parte da frente dos navios, como forma de "afastar" o mau agouro.

"Nenhum item parecido com esse, do século XV, jamais foi encontrado no mundo", diz Marcus Sandekjer, diretor do museu Blekinge, que fica em Karlskrona, na Suécia, em entrevista ao Discovery News. O museu também estava envolvido na operação de resgate do objeto.


O artefato, segundo informações dos arqueólogos, fazia parte do navio dinamarquês Gribshunden, que afundou em 1495, após sofrer um incêndio. Ele trazia a bandeira do rei Hans, e foi encontrado no fundo do mar, a 10 metros de profundidade, na costa sudeste da Suécia, próximo à cidade de Ronneby.

"O navio é absolutamente único. É um exemplo arqueológico das grandes embarcações entalhadas, da mesma época do navio Santa Maria, que fazia parte da frota de Colombo", conta o professor Johan Rönnby, em seu artigo sobre a descoberta.

Para os especialistas, que pretendem continuar o trabalho na área do naufrágio, este tipo de achado ajuda a entender um pouco o mundo daquela época – século XV –, especialmente em relação às grandes navegações.

Adaptado:http://sites.uai.com.br/app/noticia/encontrobh/atualidades/2015/08/17/noticia_atualidades,154667/monstro-marinho-assustador-e-retirado-do-fundo-do-mar-na-suecia.shtml 

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Como potenciar os vestígios arqueológicos do Rio Arade?

“Vestígios arqueológicos do rio Arade – Um património a potenciar”, com a presença do arqueólogo Cristóvão Fonseca, é o tema da terceira tertúlia promovida pelo Grupo dos Amigos do Museu de Portimão, que terá lugar esta sexta-feira, dia 20 de Junho, às 18h30, neste museu, com entrada livre.
Segundo os Amigos do Museu de Portimão, «o estado de conhecimento do património cultural subaquático do estuário do rio Arade, os principais sítios arqueológicos conhecidos e o seu valor científico, justificam a implementação de um programa de investigação contínuo e um projeto de valorização e divulgação orientado para diferentes públicos».
Este será o ponto de partida para promover um debate que pretende identificar oportunidades e apresentar propostas no sentido de reconhecer e potenciar este património.
Cristóvão Fonseca, que já foi responsável pelo extinto Núcleo de Arqueologia Subaquática do Museu de Portimão, integrou também os trabalhos que, durante três verões consecutivos, de 2003 a 2005, decorreram no Rio Arade, sob direção de Francisco Alves, então diretor do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS).
Denominadas campanhas ProArade, destinaram-se a investigar, sob o ponto de vista arqueológico, o leito do Arade, que, pelo menos desde a década de 70 do século passado, se sabia ser um repositório de vestígios de grande importância.
No último ano da campanha, em 2005, o objetivo da equipa de arqueólogos subaquáticos foi desmontar uma embarcação afundada há 500 anos, dos séculos XV ou XVI, conhecida como «Arade 1», que se encontrava enterrada no lodo do fundo do rio.
O objetivo era, então, não só salvar e registar os vestígios raros de uma embarcação tão antiga, como, no futuro, construir «uma réplica do barco à escala natural, para ser colocada no Museu de Portimão». Tal réplica nunca chegou a ser feita, mas pode ser que, da tertúlia, surja alguma luz sobre este assunto.



quarta-feira, 3 de junho de 2015

Arqueólogos descobrem destroços de navio negreiro português na África do Sul

Pela primeira vez foram encontrados vestígios de um naufrágio que terá ocorrido com escravos a bordo. Uma descoberta histórica que poderá avançar o conhecimento actual sobre o tráfico transatlântico, dizem os investigadores.





Há 30 anos, caçadores de tesouros descobriram os destroços de um naufrágio ao largo da Cidade do Cabo, na África do Sul, que identificaram como sendo de um navio holandês afundado em meados do século XVIII. Só em 2010 é que uma equipa internacional de arqueólogos marítimos suspeitou que o navio podia ter outra origem.
Seriam precisos mais cinco anos de pesquisa e múltiplos mergulhos em águas furiosas até que os investigadores anunciassem, esta terça-feira, a sua descoberta histórica: um navio português carregado de escravos proveniente da ilha de Moçambique e a caminho das plantações de açúcar no Brasil.
Transportando entre 400 e 500 negros acorrentados no porão, o navio nunca terá chegado a completar a travessia de quatro meses, entre o Oceano Índico e o Atlântico Sul. Depois de dobrar o Cabo da Boa Esperança, o São José Paquete de África embateu em rochedos a cerca de 50 metros da costa da Cidade do Cabo e ficou reduzido a escombros. O capitão português sobreviveu, bem como a tripulação e metade dos escravos que se encontravam a bordo. Calcula-se que 212 escravos tenham morrido no naufrágio, que se deu no final de Dezembro de 1794.

Trata-se da primeira pesquisa arqueológica realizada sobre um navio que se afundou enquanto transportava escravos. “Já se encontraram navios que em tempos carregaram escravos mas que não naufragaram durante a viagem. Este é o primeiro de que temos conhecimento que se afundou com pessoas escravizadas a bordo”, disse Lonnie Bunch, director-fundador do Museu de História Afro-Americana, que vai abrir em Washington no próximo ano e que irá expor objectos resgatados do local do naufrágio.
Os responsáveis pela investigação acreditam que ela pode avançar o conhecimento actual sobre os 12 milhões de pessoas que foram capturadas em África e transportadas à força para a América do Norte, do Sul, Caraíbas e Europa. E o São José é “especialmente significativo”, nota Lonnie Bunch num comunicado, “porque representa uma das primeiras tentativas em incluir africanos da costa oriental no tráfico esclavagista”, prática que se prolongou até ao século XIX. Supõe-se que mais de 400 mil africanos tenham sido levados de Moçambique para o Brasil entre 1800 e 1865.
Esta descoberta resulta do trabalho desenvolvido pelo Slave Wrecks Project (Projecto Naufrágios de Escravos), uma joint-venture de investigadores de museus e instituições norte-americanas e sul-africanas que têm mantido o seu labor de anos praticamente em segredo, não só porque queriam ter resultados conclusivos antes de qualquer anúncio, mas também para proteger o local do naufrágio de potenciais pilhagens de caçadores de tesouros.
A descoberta do São José foi finalmente revelada esta terça-feira, na Cidade do Cabo, no mesmo dia em que uma equipa de mergulhadores depositou terra trazida da Ilha de Moçambique, o ponto de embarque, no local do naufrágio, em memória das vítimas. Esta quarta-feira, também na Cidade do Cabo, o simpósio Bringing the São José Into Memory (Trazendo à Memória o São José) vai juntar investigadores, curadores e historiadores de instituições sul-africanas, norte-americanas e moçambicanas em debates sobre o naufrágio, o comércio esclavagista e a questão da memória. Não há nenhum português entre os oradores convidados.
A investigação que permitiu identificar o São José envolveu não só o trabalho arqueológico no local do naufrágio, mas também pesquisas em arquivos, nomeadamente portugueses. Segundo o New York Times, em 2012 os investigadores descobriram em Portugal o manifesto de carga do São José, com detalhes sobre a partida do navio de Lisboa, em Abril de 1794, rumo à Ilha de Moçambique. O documento contém informação sobre um elemento que a equipa de investigadores considerou a pista mais providencial em todo o processo: o São José deixou Lisboa com 1.500 barras de ferro que se destinavam a ser usadas como lastro.
Essas barras eram comuns nos navios negreiros, para manter a estabilidade das embarcações, até porque o peso da carga humana variava nas longas travessias transatlânticas. Nem todos sobreviviam à viagem; as barras serviam para contrabalançar essa variação. Foi a descoberta de barras de ferro no naufrágio que levou os arqueólogos a determinar que o navio transportava escravos.
No ano anterior, em 2011, os investigadores tinham encontrado nos arquivos sul-africanos outro documento fundamental: o relatório do capitão do São José, Manuel João Pereira, descrevendo o naufrágio de 27 de Dezembro de 1794. Segundo o testemunho, que está redigido em português, o capitão e a tripulação tentaram salvar os escravos, até porque se tratava de uma carga rentável. Alguns foram enviados para terra numa barcaça, mas os ventos e as correntes fortes impediram o regresso da barcaça ao naufrágio para resgatar mais escravos. O documento refere-se aos membros da tripulação como “homens”, mas não os escravos, segundo o New York Times.
Em 2013, os investigadores descobriram um documento em Moçambique datado de 22 de Dezembro de 1794 confirmando a venda de um homem que embarcou no São José.
A investigação está longe de estar terminada, avisam os seus responsáveis. Só uma pequena percentagem do naufrágio foi explorada e as condições do local dificultam o trabalho. As correntes de água são tão vorazes que os mergulhadores comparam a experiência à sensação de estarem a nadar numa máquina de lavar. Sempre que há escavações, a areia volta a cobrir tudo rapidamente. Os arqueólogos não descobriram restos humanos nem vestígios do casco.
José Bettencourt, arqueólogo marítimo do Centro de História de Além-Mar da Universidade Nova de Lisboa, nota que as descobertas realizadas até ao momento não são inteiramente conclusivas.
“Os indícios apontam a hipótese de ser o São José como bastante provável. Mas não foram encontradas evidências que permitam determiná-lo com 100 por cento de certeza”, explicou ao PÚBLICO. “O uso de barras de ferro enquanto lastro era comum a partir do século XVII. Têm de aparecer materiais provenientes do território português, como por exemplo cerâmicas.”

domingo, 13 de outubro de 2013

Safi: a Moroccan diver discovers a warship from 16th century


Casablanca, July 29, 2013
Rumors of a recent invaluable treasure found underneath Safi’s beautiful sea have been roaming throughout the city and at the national level until a recent press release from the ministry of culture made public the real nature of the archeological discovery.
According to daily Libération, the ministry of culture clarified that what was actually dug out of 10 meters undersea was a war vessel dating back to the 16 century.
Based on the initial observations of a team of experts, the discovered warships, which was apparently left aground offshore five centuries ago, was carrying cannons and mortars.
Said Ait Baaziz, the now famous Moroccan diver who discovered the wreck of the warship, has also denied rumors talking about an “invaluable treasure.”
According to the same sources, Ait Baaziz got immediately in touch with the ministry after he made this discovery, albeit he was not certain of its true nature.
“Initially, I couldn’t tell what sort of objects I had come across 10 meters underneath the northern zone of the sea, right before the industrial town,” Ait Baaziz was quoted as saying by Libération. “It is only after I dived one more time that I realized that it was actually a ship carrying cannons, and not treasures, as most rumors surprisingly claimed,” he further clarified.
Reportedly, the warship was found to carry 18 cannons aboard, a historical discovery that is beyond any monetary value.
Ait Baaziz, the adventurous diver and explorer, is now awaiting a sign of encouragement from the ministry for the efforts he invested in saving an invaluable segment of Safi’s patrimony. 

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Cem naufrágios tornam mar do Funchal com potencial científico e turístico

Cem naufrágios de navios dos séculos XVIII e XIX fazem do mar do Funchal um potencial científico e turístico, considera o investigador do Centro de História de Além-Mar José Bettencourt, que lidera um projeto para avaliar este património.
"Numa análise muito preliminar ainda, os registos que temos são de aproximadamente cem naufrágios no entorno ao porto do Funchal, o que é uma quantidade bastante significativa", disse José Bettencourt.
Segundo o especialista em arqueologia subaquática, "a maior parte desses registos é de navios do século XVIII e XIX", mas há "alguns mais antigos, como um galeão espanhol que naufragou em 1622" e que, "se fossem descobertos, teriam e têm um potencial científico muito relevante".
O responsável esclareceu que a zona do porto e de aproximação a este são "áreas mais perigosas para a navegação, porque são aquelas que têm maior tráfego marítimo", e "é aí que se dá a maior parte das perdas", pelo que estas "são, sempre, em todo o país, as zonas mais ricas do ponto de vista arqueológico".
"A maior parte dos naufrágios localiza-se junto à costa porque a maior parte são resultado de encalhes ou de perdas durante operações portuárias, por isso, a maior parte estará a baixa profundidade", explicou o investigador, reconhecendo, contudo, que as características da Madeira levam o investigador "a esperar que os sítios sejam um pouco mais profundos".
O coordenador do Centro de Estudos de História do Atlântico, Alberto Vieira, admitiu que "terão ocorrido muito mais naufrágios ao longo da história", salientando que, desde o século XV, "há referências a naufrágios", embora os dados sejam "muito esparsos".
"Tivemos historicamente um problema muito importante na Madeira, a principal cidade fixou-se, montou-se, numa baía que oferecia grandes dificuldades em termos das embarcações", referiu o coordenador do centro, sediado no Funchal.
A este propósito, o historiador realçou: "A baía do Funchal sempre foi historicamente muito complicada em termos da navegação em determinadas épocas do ano, o que fazia duas coisas, primeiro as embarcações só entravam dentro do porto (...) para descarregar, porque normalmente lançavam a âncora ao largo, por causa de um conjunto de correntes e ventos que acontecia numa determinada época do ano, mas que, muitas vezes, era ocasional".
"O porto do Funchal, por textos que nós conhecemos, era conhecido como um dos portos mais difíceis e, para muitos estrangeiros, o parar no Funchal era sempre uma aventura", adiantou, reconhecendo que a zona tem um património subaquático decorrente dos naufrágios, mas a pesquisa pode encontrar um obstáculo no assoreamento.
O arqueólogo José Bettencourt defendeu que o turismo arqueológico subaquático poderia ser "um complemento à atividade turística de mergulho que já existe" no arquipélago.
"Trabalhamos para dar algo à comunidade, não só para responder a questões científicas, mas também para contribuir com o nosso trabalho para o desenvolvimento económico e cultural das áreas onde estamos a trabalhar", declarou.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Encontradas 48 moedas de ouro de um galeão espanhol que naufragou em 1715 (Castelhano)

Un total de 48 escudos de oro, valorados en unos 250.000 dólares (191.256 euros), que formaban parte del tesoro de un galeón español del siglo XVII, han sido extraídos por "cazatesoros" en la denominada "Treasure Coast", en la costa este de Florida, informaron hoy medios locales.
La compañía 1715 Treasure Fleet Queen's Jewels extrajo el tesoro este fin de semana del fondo marino de la citada área, cuyo nombre hace referencia a los once galeones de la Flota Española que naufragaron el 31 de julio de 1715 en esa zona de la costa este floridana a causa del impacto de un huracán.
Al parecer, las monedas de oro se encuentran en buen estado y resultan legibles las fechas y letras. Los escudos más antiguos corresponden a 1697 y los más recientes están acuñados en 1714, indicaron los medios.
Lo más sorprendente del hallazgo es que las monedas fueron encontradas a una distancia de apenas treinta metros de la costa y a sólo unos dos metros de profundidad.
Según Brent Bisben, propietario de la compañía, las monedas pasarán a formar parte de colecciones privadas y el dinero obtenido por su veta servirá para financiar la exploración y búsqueda de pecios en esa zona.
La compañía tiene como objetivos "revelar al público la asombrosa historia de esa flotilla española de galeones que naufragó. Esperamos recuperar estos objetos históricos para instruir a la gente sobre la colonización española en el Nuevo Mundo y la vida en el mar en 1715", señaló la empresa en su página web.
"Todavía quedan más de dos millones de monedas de plata y una cantidad incierta de oro por recuperar" de los pecios de esos galeones hundidos, señaló la compañía.
La Flota Española de 1715 zarpó desde La Habana (Cuba) rumbo a España cargada de oro para la Corona, pero once naves se hundieron en las costas de Florida, debido a un huracán.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Descobertos fragmentos da última batalha da I Guerra Púnica (castelhano ou inglês)


Descubren fragmentos de bronce de barcos que lucharon en la I Guerra Púnica
Un hallazgo de esos que quitan el hipo. Ni más ni menos que diez fragmentos de bronce que pertenecen a barcos que tomaron parte en la última batalla de la I Guerra Púnica (241 d.C.) entre romanos y cartagineses. Los responsables del descubrimiento han sido un equipo de la Universidad de Oxford, que han encontrado los restos en el oeste de la costa de Sicilia. En estos fragmentos hay inscripciones en latín pero también en púnico. 
La omisión de socorro al patrimonio se multará con hasta 6.000 euros en Castilla-La Mancha
La Junta de Castilla-La Mancha se está poniendo muy seria en lo que respecta a la protección de su patrimonio. De hecho, está preparando un proyecto de ley que estará a punto antes del verano en el que se prevén sanciones duras para aquellas personas que no se impliquen en la protección patrimonial. El proyecto de ley afirma que “Las personas que observen peligro de destrucción, deterioro o pérdida en un bien integrante del Patrimonio Cultural de Castilla-La Mancha deberán ponerlo en conocimiento de la Consejería competente (…). De no hacerlo así, la persona puede cometer una infracción leve y enfrentarse a multas de entre 100 y 6.000 euros).
El patrimonio de Pompeya y Sicilia se protege con un sistema de conservación valenciano
Un innovador sistema elaborado por la Universidad Politécnica de Valencia (UPV) y el Instituto Valenciano de Restauración y Conservación de Bienes Culturales (IVC+R) se está utilizando para conservar el patrimonio de Pompeya. El sistema se está aplicando en la Casa de Ariadna de Pompeya, declarada Patrimonio de la Humanidad de la Unesco, aunque también en la Villa del Casale de Sicilia (que goza del mismo reconocimiento). Se basa en fijar patrones de evolución del microclima para adoptar medidas preventivas antes de que sea necesaria una restauración. Más información en este enlace.
Un castillo de Palencia sufre un derrumbe debido a las rachas de viento
No es la primera vez que en nuestras noticias arqueológicas os hablamos del derrumbe de elementos patrimoniales debido a la mala conservación. Desgraciadamente, hoy tenemos un nuevo caso. Se trata del Castillo de Belmonte de Campos (siglo XV), que se vino debajo de manera parcial. En este caso, la combinación de la mala conservación y las fuertes rachas de viento ha provocado el incidente. Como suele pasar en estos casos, hacía tiempo que los expertos pedían una restauración ya que temían que un hecho así pudiera suceder.
Link: http://ciac2013merida.org/es/arqueologia-clasica/las-arqueonoticias-del-dia-30-de-abril?goback=%2Egde_2527788_member_236775006


sexta-feira, 22 de março de 2013

Entre ânforas e cerâmicas escondia-se parte de uma embarcação romana

Peça foi encontrada em Lisboa, num fundeadouro usado pelo menos entre os séculos I a.C. e V d.C.

É um achado de extrema raridade aquele que os arqueólogos fizeram na Praça D. Luís I, em Lisboa: a madeira com cerca de 8,5 metros de comprimento que tinha sido encontrada entre meia centena de ânforas e algumas peças de cerâmica é parte de uma embarcação romana que terá navegado no Atlântico. 
Esta peça de madeira foi descoberta durante a construção de um parque de estacionamento subterrâneo, junto à Avenida 24 de Julho, no interior de uma área que os arqueólogos já tinham identificado como tendo sido um fundeadouro (um local de ancoragem de embarcações) pelo menos entre os séculos I a.C. e V d.C. Desde cedo, os técnicos perceberam que se tratava de uma peça náutica, mas só investigações subsequentes permitiram determinar que o vestígio em causa era parte de um navio e não de uma estrutura portuária, hipótese que tinha sido igualmente equacionada.
"Estamos na presença de uma peça inequivocamente naval, de uma embarcação romana", afirmou ao PÚBLICO o coordenador dos trabalhos, que estão a ser desenvolvidos pela empresa ERA-Arqueologia em colaboração com o Centro de História de Além-Mar, da Universidade Nova de Lisboa e da Universidade dos Açores. Alexandre Sarrazola explicou, durante uma visita às escavações, que esta seria "uma peça para fazer a ligação das tábuas do forro e destas à quilha", "num tipo de construção shell first [em que o barco começa a ser construído pelo casco]". Quanto à dimensão do navio, aquilo que se pode dizer por enquanto é que, a julgar pelo comprimento da madeira descoberta, teria "dimensões consideráveis".
"Este não é um achado isolado. Foi registado num contexto, de fundeadouro, que do ponto de vista histórico é exclusivamente romano", sublinha o arqueólogo. Esse facto contribui aliás para tornar esta descoberta única, já que num outro caso registado em 2002 no estuário do rio Arade, no Algarve, foi também encontrado um pedaço de uma embarcação romana (com cerca de 35 centímetros de comprimento) mas de forma isolada, fora de qualquer contexto arqueológico.
De 2002 a 2003 foram ainda descobertas, desta vez no rio Lima, em Viana do Castelo, duas pirogas monóxilas (esculpidas num único tronco). Os resultados da datação feita a amostras dessas embarcações permitiram concluir que seriam do século II a.C.
Cristóvão Fonseca, investigador do Centro de História de Além-Mar, explica que o rio Arade e o rio Lima são os únicos dois casos documentados em Portugal de descoberta de embarcações, ou parte delas, que se supõe serem da época romana. O arqueólogo destaca a importância do achado agora feito na Praça D. Luís I: "É a primeira madeira de navio encontrada em contexto que podemos dizer que é romana. No Mediterrâneo há barcos inteiros, mas no Atlântico este é um dado muito importante. Não se conhece mais nada com estas características na faixa atlântica."
"É um achado de extrema raridade, para não dizer único", afirma também Alexandre Sarrazola, acrescentando que estamos na presença de "um elemento fundamental no contributo para a narrativa da história de Lisboa no que concerne à sua vocação marítima milenar". "É um achado de grande importância", atesta a directora do Departamento dos Bens Culturais da Direcção-Geral do Património Cultural, Catarina Coelho, destacando que se trata de algo "único no nosso território".
Os trabalhos arqueológicos na Praça D. Luís I, que se prolongaram por quase dois anos e estão agora a terminar, permitiram revelar, além do fundeadouro romano e dos vestígios nele encontrados, uma grade de maré do século XVII (para reparação naval ou lançamento de embarcações) e restos de outras estruturas, como uma escadaria e um paredão do Forte de S. Paulo (século XVII), parte do cais da Casa da Moeda (século XVIII) e fornalhas da Fundição do Arsenal Real (século XIX).

Só um troço será preservado

Os técnicos da empresa ERA-Arqueologia tinham, segundo o arqueólogo Alexandre Sarrazola, recomendado que a madeira  encontrada na Praça D. Luís I fosse integralmente conservada, dada a sua "inequívoca importância patrimonial e científica". Mas a decisão da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), ontem transmitida ao PÚBLICO, foi outra: só um dos cinco troços em que foi seccionada a peça que pertenceu a uma embarcação romana será preservado.

A directora do Departamento dos Bens Culturais da DGPC explicou que essa decisão foi tomada atendendo ao "muito mau estado de conservação" da madeira, que esteve submersa e depois envolta em lama, e que foi atacada pelo teredo, um molusco subaquático. "Isto não implica que todo o registo da peça não esteja já feito", sublinha Catarina Coelho, acrescentando que foram recolhidas várias amostras da madeira, por exemplo para a realização de análises que permitam fazer a sua datação.

"A nossa expectativa é conseguirmos tratar dela o melhor possível para que no futuro tenha condições para ser exposta, com toda a informação produzida no âmbito da sua recolha", diz a dirigente da DGPC, adiantando que até lá a peça ficará armazenada nas instalações da Divisão de Arqueologia Náutica e Subaquática no Mercado Abastecedor da Região de Lisboa, num tanque já preparado para o efeito.

Também o coordenador dos trabalhos arqueológicos na Praça D. Luís I defende a musealização deste achado. "Consideramos que esta peça, acompanhada da sua explicação, tem um interesse museográfico inegável", diz Alexandre Sarrazola.

http://www.publico.pt/local-lisboa/jornal/entre-anforas-e-ceramicas-escondiase-parte-de-uma-embarcacao-romana-26254863

quarta-feira, 20 de março de 2013

Em busca de La Ragazzona, o maior navio da Invencível Armada (castelhano)

El 8 de diciembre de 1588, el buque La Ragazzona, que formó parte de la flota enviada por Felipe II contra Inglaterra — la también llamada Armada Invencible-, se hundió antes de poder llegar al puerto de La Coruña. Considerado como el mayor navío de aquella expedición, sus restos han estado sumidos en el olvido durante 425 años hasta que un equipo de la Universidad Santiago de Compostela, en colaboración con la empresa Argos y la Armada, se ha propuesto encontrarlo con el fin de contribuir a su protección.

En 1588, Felipe II emprendió el complicado cometido de invadir Inglaterra, empresa para la que se hizo con una flota ingente conocida como la Armada Invencible, en cuyas filas participó el buque de la escuadra levantisca La Ragazzona, el navío de mayor tamaño con 40 metros de eslora y varias filas de cañones.
Aquel galeón no sobrevivió durante mucho tiempo a la contienda tras sucumbir a un temporal que lo lanzó contra el litoral ferrolano, donde se cree que pueden descansar todavía sus restos. Para averiguarlo, un equipo encabezado por la Universidad Santiago de Compostela, en colaboración con la empresa Argos y la Armada, ha llevado a cabo hace una semana la primera toma de contacto con el yacimiento con idea de encontrar evidencias que animen a pensar que se trata de La Ragazzona.
David Fernández Abella, arqueólogo subacuático e investigador principal de esta expedición científica, afirma que, aunque el proyecto arrancó hace cuatro años, el trabajo de campo se ha limitado a cinco días debido al modesto presupuesto con el que han contado, ya que la expedición ha sido “autofinanciada”.
Así pues, a las trabas económicas con las que se ha topado este equipo de expertos se ha sumado la ralentización en la puesta en marcha del proyecto a consecuencia de la “excesiva burocracia” para conseguir todos los permisos. Así opina Fernández Abella: “En el mar actúan varias administraciones, por lo que hay que pedir permiso a cada una. Eso nos ha impedido ejecutar la investigación en diciembre, teniendo que postergarla hasta marzo”.
La Armada explica a este periódico que ha colaborado con la iniciativa "a través de la Unidad de Buceo de Ferrol, que depende del comandante de las Unidades de la Fuerza de Acción Marítima de Ferrol". Ha aportado "buceadores, embarcaciones específicas, sus propias instalaciones como base de estacionamiento del equipo y la recarga de botellas de oxígeno". Pese a que sus tareas suelen estar dirigidas a la "localización, reconocimiento, neutralización o desactivación de artefactos explosivos bajo el agua o en las playas", la Armada valora "muy positivamente" su participación en este tipo de actividades, "ya que permiten situar con exactitud la localización de los pecios, lo que facilita la posterior labor de vigilancia".
Consciente de que queda mucho por hacer, Fernández Abella se muestra confiado en que de aquí a un tiempo puedan retornar al yacimiento para continuar el análisis de los restos, una tarea que les permitirá confirmar si se trata de La Ragazzona, ya que hoy por hoy no pueden hacerlo con total seguridad.
Por ahora, el equipo liderado por Fernández Abella ha logrado “realizar un estudio para acotar una zona que facilite el trabajo de campo, así como el reconocimiento visual de los restos”. Lo que queda por delante es “identificar y caracterizar cronológicamente los vestigios que han sido documentados para saber si se corresponden con este navío”, para lo que se servirán de la información recopilada durante este tiempo con intención de encontrar “paralelos y coincidencias”.
Debido al coste que supone estabilizar en la superficie piezas sumergidas durante siglosbajo el agua, su extracción no ha sido posible en esta ocasión. Pero no ha sido el único contratiempo con el que se han topado en la primera prospección. El hecho de no haber encontrado piezas de cerámica, un elemento "abundante en todo yacimiento arqueológico de este tipo", además de tratarse de un "fósil director muy estable que se degrada poco", les invita a pensar que ha podido ser expoliado. Más si se atiende a que han sido encontradas piezas de artillería "con señas de haber sido rotas intencionadamente" y que el pecio se encuentra hundido a entre 7-12 metros de profundidad, "una distancia accesible hasta para buceadores principiantes”, dice Fernández Abella.
Dado que la primera investigación se ha centrado en analizar los restos que se encuentran sobre la arena, una segunda expedición abordaría el análisis de la parte del buque que está enterrado, en caso de que todavía se conserve. Preguntado por qué ayudaría a confirmar que se trata de La Ragazzona, Fernández Abella habla de la posibilidad de hallar “el casco del barco, piezas de artillería específicas de este periodo y cerámicas de lujo que sólo se crearon por aquellos años”.
Por lo pronto, les esperan meses de trabajo de análisis de los elementos y materiales que han documentado en vídeo y con fotografías: “Ahora queda hacer las planimetrías de dispersión de los elementos del yacimiento y comprobar otras piezas de características similares para poder ajustar con mayor exactitud la cronología del pecio”.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Fundeador romano encontrado em Lisboa é achado extraordinário

Escavações arqueológicas na praça D. Luís, em Lisboa, revelaram um fundeador romano, com mais de 2000 anos, um achado raro e extraordinário, que reflecte, de forma muito rica, a história da cidade, salientou à Lusa o arqueólogo Alexandre Sarrazola.
O fundeador, como é designado no meio arqueológico, é um espaço à beira da costa, onde os navios ancoravam temporariamente para descargas, trânsito de passageiros e para concretizarem várias operações, como reparações. Este fundeador é datado pelo arqueólogo, entre o século I antes de Cristo e o século V."Esta zona, agora a 100 metros de distância da actual rua da Boavista, então zona de praia, constituía uma pequena baía onde os navios romanos fundeavam" e, no trânsito de cargas e passageiros, deixaram cair matérias ou até se libertaram delas.
Estes materiais que o lodo ajudou a preservar, permitem hoje determinar "uma dinâmica comercial, que dá já conta de Lisboa como uma placa giratória na economia do Império Romano, e já nos dá uma dimensão atlântica".
O arqueólogo lidera uma equipa que há dois anos escava esta área, na zona do Cais do Sodré, e que será um futuro parque de estacionamento.
Esta campanha de escavações trouxe à luz do dia outras realidades posteriores ao Império Romano, como navios do século XVII e uma grade de maré.
O fundeador é "um achado inusitado pela sua raridade", disse Sarrazola, que sublinhou a sua importância "do ponto de vista cientifico" pelos "contributos para a nossa história".
O arqueólogo referiu-se ao achado como "inestimável e de uma raridade notável".
Dados os materiais encontrados, de diferentes origens, e o contexto arqueológico encontrado, levam Sarrazola a argumentar que "a diversidade cultural, que nos enriquece e caracteriza, esse mosaico de influências, pode ser ancorado em tempos mais antigos, certamente da ocupação romana".
Entre os artefactos romanos há ânforas de várias produções, desde o interior da Hispânia ao Sul da Gália, Norte de África e até da Península Itálica, além das ânforas de fabrico na Lusitânia.
Estas ânforas eram os "contentores da época, nomeadamente, neste caso, para preparados de peixe, nomeadamente sardinha", de que se conhecem fábricas de salga na actual baixa e zona de Belém, explicou o arqueólogo Jorge Parreira, que integra a esquipa de escavações.
"As ânforas tinham, em média, a capacidade 45 litros, eram produzidas na Lusitânia, nomeadamente na margem sul do rio Tejo", mas foi também encontrada uma ânfora de finais do século I antes de Cristo, "que transportaria, provavelmente, vinho de Itália", referiu Jorge Parreira, arqueólogo da equipa.Foram também encontrados artefactos de cerâmicas sigilatas, nomeadamente da baixela de consumo dos próprios navios, ou para consumo das elites locais que "não seriam tão abastadas quanto isso", disse Sarrazola
No espaço escavado, foi encontrada "uma sucessão de estruturas arquitectónicas e portuárias que reflectem, de uma forma muito rica, a História de Lisboa".
O arqueólogo referenciou as diferentes estruturas encontradas, do século XIX para períodos mais recuados: "O famoso aterro da Boavista de 1855-1863, os alicerces da fundição do Arsenal Real, a estrutura portuária da Casa da Moeda, esta do século XVIII, a estrutura portuária do Forte de S. Paulo, do século XVII, e coevos desta época, uma outra pequena estrutura portuária e uma grade de maré ou rampa de estaleiro".
Esta grade de maré serviu de protector destes vestígios romanos, quando do maremoto que se seguiu ao terramoto de 1755, disse o arqueólogo.
Dada a importância dos achados arqueológicos encontrados, Alexandre Sarrazola alertou para a necessidade de "uma articulação entre a política de património e a de ordenamento de território, nomeadamente quando são revistos os Planos Directores Municipais ou quando se fazem planos de pormenor". Nesses casos, adiantou, "é fundamental ter-se em conta, particularmente na zona ribeirinha de Lisboa, a probabilidade da reincidência de achados desta natureza".
Para Sarrazola, "este tipo de intervenções" arqueológicas e os estudos que delas resultam só fazem sentido "se forem amplamente divulgados e se servirem para contar uma história para todos, de um passado que é de todos, e se sedimentarem aquilo que é uma memória colectiva".
"Só faz sentido fazer arqueologia quando essa arqueologia entronca na memória colectiva", rematou.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Descoberto navio histórico na ilha do Faial


Um navio do século XIX foi descoberto no fundo do mar junto ao porto da Horta, na ilha do Faial, Açores. Situado a cerca de 7 a 8 metros de profundidade, o achado encontra-se em bom estado de conservação e deverá ser alvo de ações de proteção durante os próximos meses.
Um navio de madeira do século XIX, forrado em cobre, foi descoberto no fundo do mar durante as operações de dragagem no novo cais de passageiros do porto da Horta, nos Açores, revelou um investigador que acompanhou o achado.
José António Bettencourt, arqueólogo do Centro de História Além Mar, da Universidade Nova de Lisboa, disse à Lusa que os vestígios da embarcação, que era desconhecida até agora, foram encontrados, por acaso, em novembro do ano passado, no decorrer da empreitada de dragagem do novo terminal marítimo da cidade da Horta.
"Para já, não temos ainda muita informação", adiantou o investigador, acrescentando que a embarcação que descobriram, situada a apenas 7/8 metros de profundidade, está "muito bem preservada", e as suas características indicam tratar-se de um barco do século XIX.
Segundo adiantou o investigador, nos próximos meses serão realizadas ações de proteção do local onde foi encontrado o achado, através do seu "registo e mapeamento exaustivo", para evitar que a embarcação seja afetada por processos naturais, ou até pelo funcionamento do próprio porto.
Este não é, no entanto, o primeiro achado arqueológico descoberto durante as obras de construção do novo cais de passageiros do porto da Horta.
Durante a fase de construção do molhe acostável para navios e do terminal de passageiros, os mergulhadores contratados pelo empreiteiro da obra descobriram várias presas de marfim, canhões e vestígios de um antigo navio, que provavelmente transportava carga oriunda de África.
Os achados retirados do fundo do mar foram entregues ao Museu da Horta, que irá recuperá-los para os expor ao público, mas os investigadores calculam que o interior da baía da Horta possa esconder vários outros tesouros.
José António Bettencourt lembra que aquilo que os mergulhadores conseguiram estudar foi apenas "uma amostra" do que poderá existir no local.
"Nós concentramo-nos apenas na zona de incidência do projeto, e aquilo que está para fora do porto, tendo em consideração a amostra que nós temos, que é de um potencial e de uma riqueza muito significativa, deverá ser muito maior",afirmou.
A baía da Horta foi um dos principais pontos de ancoradouro para navios de passageiros e mercadorias que atravessavam o Atlântico, sobretudo a partir de finais do século XVIII.
O novo cais de passageiros do porto da Horta, uma obra que custou mais de 35 milhões de euros, foi inaugurado em julho de 2012 pelo ex-presidente do Governo Regional, Carlos César, mas estão ainda a decorrer trabalhos de dragagem no local, no sentido de aumentar a sua profundidade, que irá passar de 6,5 metros para 8,5 metros.

domingo, 27 de janeiro de 2013

El Museo Naval construye una maqueta de la fragata Mercedes, expoliada pela Odissey


La «Mercedes» fue una nave con historia triste pero que aún busca su final feliz. La fragata que nació en los astilleros de La Habana en 1784 según los diseños (modernos para la época) de José Romero Landa y que sería botada en 1786 con el nombre de «Nuestra Señora de las Mercedes» va a volver a la vida, aunque sea a escala. Expertos del Museo Naval de Madrid han completado una meticulosa investigación sobre los secretos de su construcción, el único aspecto que aún quedaba por conocer de la nave que volvería a hacerse famosa enmayo de 2007 porque fue víctima del expolio a manos de la compañía americana Odyssey Marine Exploration.
Con ese conocimiento sobre su diseño, dos personas se han puesto manos a la obra: el doctor ingeniero naval Francisco Fernández González y el restaurador y conservador Miguel Godoy. Durante los próximos meses, ambos van a construir un modelo a escala que tendrá fines didácticos y en el que podrá contemplarse con todo detalle, cuando se exponga, la estructura de la nave y el modo en el que navegaba aquel fatídico 5 de octubre de 1804 en el que saltó en pedazos después de que un cañonazo inglés alcanzase la santabárbara, almacén de la pólvora, hundiéndose con 250 personas. La escala humana de la tragedia es difícilmente imaginable sin recordar que el general Diego de Alvear vio hundirse con la fragata a su mujer y sus hijos, además de toda su hacienda.

Madera original

La escala física de esta empresa que el Museo Naval ha puesto en pie con el fin de divulgar una vez más las grandes historias que nutren nuestro patrimonio subacuático se resume en una cifra: 1:23. Es la escala elegida. El restaurador Miguel Godoy explica que una de las grandes dificultades de la réplica es que no existía el sistema métrico decimal cuando fue construida. «Se utilizaban los pies de Burgos, y sus múltiplos y submúltiplos, los dedos, palmos, líneas... Así que con la escala elegida por el ingeniero hemos logrado que cada pulgada equivalga a un milímetro, facilitando mucho el trabajo». ¡Y qué trabajo! La mesa del taller muestra las «costillas» que formarán la estructura del barco: «Es como una sala de gálibos a escala». Godoy (se apellida como el príncipe de la paz que ordenó el viaje final de la «Mercedes») tiene ahora que tallar las piezas al milímetro, siguiendo los planos y la escala. «De algunas tendremos que hacer hasta 50 copias». Además son de roble mexicano, exactamente igual que la «Mercedes» original.
Francisco Fernández, el ingeniero que dirige los trabajos, explica que su intención es mostrar la estructura y la carga. «Sabemos casi todo, dónde iban las cubiertas, los sollados, las plataformas, el pan, el pañol de la pólvora que estalló, el del condestable artillero, las personas, el pasaje (incluidas las 19 mujeres que perecieron)... Y también la carga, las monedas en las arras, en la zona central, entre la judilla principal y el palo. Y el lastre, hecho de cañones en desuso, hierro y piedras».
Pronto tendrán piezas suficientes para poner la quilla e ir montando las cuadernas. Fernández comenta que se van a seguir fielmente todos los detalles. «Habrá un clavo donde había un clavo y será exacto al que había, redondo o cuadrado, remachado o no, de manera que esta investigación acabará con una experiencia real sobre los métodos de construcción lo más similar posible a los que se empleaban en el XVIII». La maqueta estará abierta a proa y popa con el fin de que se pueda ver desde fuera el interior y las cargas.