Os trabalhos de prospecção subaquática vão decorrer entre Alcácer do Sal e o núcleo arqueológico da feitoria fenícia de Abul, que existiu há mais de 2700 anos.
CARLOS DIAS
Uma equipa de arqueólogos vai mergulhar no Sado à procura de navios e de outros objectos arqueológicos que estejam submersos nas águas do rio, entre Alcácer do Sal e o local onde existiu, há mais de 2700 anos, a antiga feitoria fenícia de Abul. A investigação resulta de um protocolo assinado nesta quarta-feira entre a Câmara de Alcácer do Sal e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa.
Os investigadores acreditam
que um dos principais vestígios conhecidos da presença fenícia em Portugal e na
fachada atlântica europeia, descobertos em 1990, possa ter continuidade no
património submerso nas águas do rio que “se suspeita ser abundante e de enorme
valor científico”, lê-se num comunicado da autarquia.
Alexandre Monteiro, o
especialista em arqueologia subaquática que vai coordenar os trabalhos de
prospecção, salienta que o rio Sado continua a ser “um grande enigma” no que
diz respeito ao seu passado histórico. “ É apenas uma questão de começar numa
ponta e terminar na outra, fazendo reemergir a história dos povos com a ajuda
de tecnologia”, sustenta.
Os materiais já descobertos
e recolhidos na feitoria fenícia de Abul, localizada na península que se
destaca na Reserva Natural do Estuário do Sado, entre Setúbal e Alcácer do Sal,
justificaram que em 2012 o núcleo arqueológico fosse classificado como monumento nacional.
Nas oito escavações
promovidas pelo Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal e pela
Missão Arqueológica Francesa em Portugal entre 1990 e 1997, os investigadores
identificaram ainda sobre as ruínas fenícias três fornos e uma olaria romana
para a produção de variados tipos de ânforas que funcionaram entre o século I e
III.
Com a assinatura do
protocolo “inédito” entre a autarquia e a FCSH, um objectivo que persistia por
efectivar “há mais de 30 anos”, Vítor Proença, presidente da Câmara de
Alcácer do Sal, espera alcançar uma mais “significativa valorização do património”
num do concelho que “não é apenas um destino turístico de sol e mar”.
Além da FCSH, vão estar
envolvidos outros institutos e entidades com recursos técnicos e conhecimentos
úteis para viabilizar a investigação.
Sem comentários:
Enviar um comentário