sábado, 25 de julho de 2015

Monte submarino a 200 quilómetros do cabo de S. Vicente já é Área Marinha Protegida


Elevações submarinas da costa sudoeste da Península Ibérica – Fonte: Filipe M. Rosas (http://lisbonstructuralgeologist.blogspot.com/) e GoogleEarth

O Conselho de Ministros aprovou, na sua reunião de quinta-feira, a inclusão do Sítio Banco Gorringe, situado cerca de 200 quilómetros a sudoeste do cabo de S. Vicente, na Lista Nacional de Sítios.
Esta inclusão é justificada pela «relevância que o Banco Gorringe assume para a conservação dos valores protegidos pela Diretiva Habitats da União Europeia».
A inclusão deste novo Sítio com cerca de 2288 mil hectares, em área exclusivamente marinha, vem, segundo o comunicado do Conselho de Ministros, «assegurar uma melhor representatividade dos valores naturais aos níveis nacional, europeu e biogeográfico, contribuindo para completar a Rede Natura 2000 em Portugal, e em particular no meio marinho».
Jorge Gonçalves, investigador do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve, explicou ao Sul Informação que o Banco Gorringe é «um sítio muito particular e único» da costa portuguesa, já que é «provavelmente a maior montanha de Portugal», por ser um monte submarino que se ergue dos 5000 metros de profundidade até aos 25 metros abaixo da superfície do mar.
«Os montes submarinos raramente chegam quase à superfície», mas este chega. Tem dois picos, o Gettysburg, aos 28 metros de profundidade, e o pico Ormonde, aos 33-46 metros de profundidade.


Fonte: http://eu.oceana.org/es/eu/que-hacemos/proteccion-de-habitats/atlantico/portugal/gorringe

O Banco Gorringe é «um sítio particular e único por ter uma enorme diversidade de habitats e espécies – nomeadamente os corais, as gorgónias e as esponjas de profundidade. Mas também pela vida que tem à sua volta, como a imensa população de algas e as comunidades de peixes que o habitam ou que fazem dele ponto de passagem nas suas migrações», explicou ainda aquele biólogo marinho.
Esta enorme biodiversidade é também a razão da ameaça mais importante, a pesca. «Há uma certa pressão da pesca» nesta zona, até porque se trata de um sítio rico mas distante da costa, onde a fiscalização é, por isso, «mais difícil». A inclusão do Banco Gorringe na Lista Nacional de Sítios, classificando-o como Área Marinha Protegida, é uma forma de «prevenir essa ameaça provocada pela pressão da pesca».
«A fiscalização in situ é difícil, mas hoje há meios tecnológicos para seguir as embarcações em tempo real, já que elas estão dotadas com sistemas eletrónicos de localização, facilitando a tarefa das autoridades», disse ainda Jorge Gonçalves.
O investigador do CCMAR recordou que desde 1998 que o Banco Gorringe tem sido alvo de pesquisa sistemática sobre a sua riqueza biológica. As primeiras missões foram promovidas pela Associação Atlântico Selvagem, sediada em Faro, com a participação de investigadores do CCMAR.
«Desde então, temos estudado de forma muito sistemática o Banco Gorringe, incluindo com mergulho», salienta Jorge Gonçalves. Mais recentemente, além do Centro de Ciências do Mar da UAlg, também outras universidades se interessaram por aquele monte submarino, além da organização OCEANA.
O Banco Gorringe é um local com elevada produtividade primária para um contexto oceânico e com um ecossistema único, onde está registada a presença de 862 espécies.
Nele ocorre a presença dos habitats da Rede Natura 2000: 1170 “Recifes” e 1110 “Bancos de areia permanentemente cobertos por água do mar pouco profunda”.

Biodiversidade no Banco Gorringe — Fonte: http://eu.oceana.org/es/eu/que-hacemos/proteccion-de-habitats/atlantico/portugal/gorringe

Ocorrem ainda as espécies Chelonia mydas (Tartaruga-verde), Caretta caretta (Tartaruga-boba), Scyllarides latus (Cavaco), Lithothamnion corallioides (Mäerl) eCentrostephanus longispinus (ouriço-de-espinhos-longos), bem como a presença dos habitats considerados em perigo pela Convenção para a Proteção do Meio Marinho do Atlântico Nordeste (OSPAR): Montes submarinos, Jardins de Coral, Agregações de esponjas no mar profundo, Recifes de Lophelia pertusae as espécies Caretta caretta (Tartaruga-boba) eHoplostethus atlanticus (Peixe-relógio).
O Banco Gorringe, localizado na Zona Económica Exclusiva portuguesa, só foi descoberto em 1875 por uma expedição americana (o USS Gettysburg), comandada pelo capitão Henry Gorringe, daí o nome deste monte submarino e de um dos seus picos.
Geologicamente, o Banco Gorringe situa-se próximo de uma das falhas mais importantes do globo, a falha Açores-Gibraltar, que separa a placa Euroasiática da placa Africana. Apesar de não haver certezas científicas, pensa-se que o Terramoto de 1755, que destruiu Lisboa e a costa algarvia, poderá ter tido origem nesta zona.

http://www.sulinformacao.pt/2015/07/monte-submarino-a-200-quilometros-do-cabo-de-s-vicente-ja-e-area-marinha-protegida/


sexta-feira, 10 de julho de 2015

Concurso para primeira fase da Escola do Mar dos Açores lançado este mês

O Governo açoriano anunciou hoje a aprovação, ainda este mês, do concurso para a primeira fase de requalificação da antiga Estação Rádio Naval da Horta, no Faial, para instalação da Escola do Mar dos Açores.

 O anúncio foi feito pelo presidente do executivo, Vasco Cordeiro, durante a apresentação do projeto da escola, um investimento superior a 4,5 milhões de euros e que, a nível de infraestruturas, se vai traduzir na requalificação da antiga Estação Rádio Naval que a Marinha tinha no Faial e que encerrou em janeiro de 2013.
No total, será feita uma intervenção em perto de 41 mil metros quadrados e diversos edifícios, para adequar a antiga estrutura militar à escola, que incluirá, entre outras valências, residências para 90 estudantes e dez professores.
"O objetivo central passa, entre outros, por dotar os Açores de um centro certificado de formação e qualificação profissional de excelência, suprindo as nossas necessidades atuais em termos de recursos humanos qualificados e certificados nesta área, assim como promover a formação inicial de jovens em profissões ligadas a este setor", explicou Vasco Cordeiro.
O "foco principal" da oferta formativa, disse ainda, são as "profissões relacionadas com as pescas e transportes marítimos", "mestrança e marinhagem", reparação e construção naval, atividades marítimo-turísticas e mergulho profissional. A escola poderá também formar profissionais nas áreas dos portos e infraestruturas portuárias, "observação de pesca e do ecossistema".
Segundo Vasco Cordeiro, "a escolha das áreas de especialização da Escola do Mar baseou-se na identificação de necessidades existentes em termos de mão-de-obra, mas também nas oportunidades que o mar dos Açores oferece para desenvolver este tipo de profissões em áreas emergentes".
"Deverá ter também em atenção a adequação da sua oferta formativa às necessidades dos mercados em áreas diferenciadoras, nomeadamente a nível nacional e internacional", acrescentou, dizendo que há, ainda, o objetivo de atrair "formandos externos".
A Escola do Mar dos Açores será um estabelecimento de ensino profissional a funcionar em regime de paralelismo pedagógico integrado no sistema educativo regional, nos termos do estatuto do ensino particular cooperativo e solidário, e é um projeto que resulta de uma parceria que envolve também a Câmara Municipal da Horta, a Universidade dos Açores (através do seu Departamento de Oceanografia e Pescas, igualmente instalado no Faial) e a Escola Náutica Infante D. Henrique.
Na cerimónia de hoje, não foi revelado um prazo para o início do funcionamento da escola.
Vasco Cordeiro destacou que este é um investimento que se insere na estratégia de valorização "da relação" da região com o mar e do "aproveitamento das potencialidades" que o mar oferece, acrescentando que o Faial "assume, por direito próprio" e por "direito histórico", uma "posição de vanguarda" nas questões do mar.
A Estação Rádio Naval da Horta funcionou durante 84 anos e quando foi desativada, em 2013, ficaram devolutos seis blocos de apartamentos com três pisos cada e vários edifícios de comunicações.
De acordo com um protocolo assinado em 2009 entre o Governo dos Açores e a Marinha, os imóveis serão cedidos pelo prazo de 30 anos à região, em troca dos terrenos que foram cedidos ao Estado na ilha de São Miguel, para instalar um novo centro de comunicações.
Nos edifícios da Horta mantém-se equipamento diverso que foi usado pela Marinha durante décadas. A Escola do Mar contará com um núcleo museológico onde essas peças ficarão expostas.


segunda-feira, 6 de julho de 2015

Museu Marítimo avança na Fortaleza


A instalação do Museu Marítimo de Sesimbra na Fortaleza de Santiago vai iniciar-se brevemente. A exposição irá distribuir-se pelos vários espaços do imóvel, que foi totalmente recuperado, e convida o visitante a conhecer a realidade da pesca em Sesimbra desde a antiguidade até aos dias de hoje.

O museu reunirá peças ligadas à história da pesca, documentos e testemunhos iconográficos associados às memórias coletivas, que serão complementados com meios audiovisuais e estruturas de apoio ao visitante.

Um dos espaços apresenta registos alusivos à pesca no povoado do Calcolítico do Outeiro Redondo, bem como a presença dos fenícios, romanos e árabes, comprovados pela descoberta de matérias provenientes de trabalhos arqueológicos e descobertas feitas no concelho.

A exposição dá ainda a conhecer as localizações dos bancos de pesca, rotas e viagens, mapas, tecnologias associadas à navegação, embarcações, mareantes, naufrágios, tradições religiosas, e evolução geológica e histórica da região, não esquecendo o trabalho de investigação desenvolvido pelo Rei D. Carlos, a história da Fortaleza e o Parque Marinho Luiz Saldanha.
A instalação do Museu na Fortaleza de Santiago está orçada em 248 mil euros, e é comparticipada pelo Fundo Europeu das Pescas em 50 por cento, no âmbito do Projeto de Valorização da Cultura Marítima e Piscatória de Sesimbra. A abertura está prevista para 16 de novembro, Dia Nacional do Mar.