quarta-feira, 14 de março de 2012

Carta Arqueológica Subaquática de Cascais


O projeto da Carta Arqueológica Subaquática de Cascais (ProCASC) teve início em 2005, na sequência da assinatura de um protocolo entre a Câmara Municipal de Cascais e o antigo Instituto Português de Arqueologia – Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática, atual Divisão de Arqueologia Náutica e Subaquática do Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico.
Pioneiro em Portugal, este projeto desenvolve-se por fases e com uma perspetiva temporal de longo prazo. Essencialmente o ProCASC é um banco de dados, uma ferramenta de gestão do património subaquático, na qual são georreferenciados todos os sítios arqueológicos identificados e os materiais neles recolhidos, fruto de achados fortuitos, de missões de prospeção ou de acompanhamento arqueológico de obras de construção civil. A agregação dessa informação e o seu cruzamento com fontes orais e documentais permitirá, por exemplo, sistematizar e estabelecer medidas de proteção e valorização dos sítios arqueológicos identificados, bem como contribuir para o estudo da história do concelho.
Desde que se iniciou o projeto do ProCASC, foi possível relocalizar, entre a Guia e Carcavelos, grande da parte dos sítios conhecidos. Depois de prospeções realizadas em São Pedro e São João do Estoril, em 2008, e de uma missão de monitorização do clipperThermopylae, em 2009, já em 2011, no âmbito de um protocolo entre a Câmara Municipal de Cascais e o Centro de História de Além-Mar com o apoio do IGESPAR, Câmara Municipal de Oeiras, Clube Naval de Cascais, Porto de Recreio de Oeiras e da escola de mergulho Exclusive Divers, uma equipa de 12 técnicos desenvolveu um trabalho de investigação sobre a zona de São Julião da Barra, ícone da arqueologia subaquática, onde estão identificados 28 sítios, decorrentes de naufrágios de navios (comerciais e de guerra) portugueses, espanhóis, ingleses e franceses, entre os séculos XVI e XX, incluindo os destroços da nauNossa Senhora dos Mártires, que naufragou em São Julião da Barra em 1606. Sete meses de trabalho, em que apenas dois foram “debaixo de água” e os restantes reservados à recolha de toda a informação disponível sobre o sítio e respetivo espólio, e à sua confrontação com os dados obtidos após a campanha. Há ainda um grande volume de trabalho pela frente, não só em matéria de prospeção e sondagens de avaliação, que permitam revelar mais vestígios ocultos pelo assoreamento no mar de Cascais, mas também de estudo dos materiais que, sendo recolhidos em pontos de ocorrência de múltiplos naufrágios, podem facilmente originar erros ou imprecisões. 
Uma parte dos materiais recolhidos ao longo dos anos encontra-se em exposição na salaCascais na Rota dos Naufrágios do Museu do Mar Rei D. Carlos, que constitui uma abordagem exploratória sobre os muitos “tesouros” da costa de Cascais que, pouco a pouco, ajudam a construir a história do comércio marítimo, pesca e navegação no nosso território.

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